Não é de hoje que a fama do cinema argentino é elogiada com aspectos elegantes no ato de contar histórias, porém, Diabo Branco (El Diablo Blanco, 2019), produção independente da Pandora Filmes, apresenta muito pouco dessas características.
Com uma direção de fotografia decente, mas que não impressiona, utilizando-se de iluminação pertinente, mas não inspirada, o filme apresenta limitações em relação à escolha da câmera, mas que apesar do visual simples, não é o fator que compromete a experiência. Seus problemas são outros.
Com aspecto de filme experimental, daqueles que são produzidos durante o início da carreira dos cineastas, ainda na faculdade, o filme conta a história de um grupo de jovens que acaba indo passar um final de semana em uma pousada a beira de uma lagoa. O que eles não contavam é que um espírito antigo está rondando o local em busca de vítimas incautas a fim de concluir o ritual de algum tipo de seita oculta.
Com personagens extremamente rasos, quase caricatos e sem quase nenhum desenvolvimento, uma trama genérica, semelhante a tantos filmes do gênero, mas que não apresenta nenhuma característica própria, o roteiro é extremamente problemático. Durante a história, várias pistas são lançadas para o expectador, tal qual um thriller de mistério, mas que simplesmente não são aproveitadas em nenhum momento pela trama, sendo lançadas a esmo por puro capricho dos realizadores.
Os diálogos são péssimos, o que acaba atrapalhando ainda mais o trabalho dos atores que, apesar de não serem completamente ruins, com uma base tão problemática, ficam sem ter com o que trabalhar em cena.
A direção de arte, que basicamente se baseia no design já existente da locação – extremamente simples -, escorrega feio quando precisa criar algum elemento. A caracterização do espírito, que não tem nada de sobrenatural além do que o roteiro quer que o público acredite, é tão rudimentar que mais parece um cosplay não tão bem inspirado ou uma fantasia para ir a alguma festa à fantasia.
O elenco de apoio é péssimo, recebendo pouquíssima ajuda por parte da direção. A trama é decepcionante e fraquíssima. Não há sustos, nem sensação de desconforto ou ansiedade típicas de filmes de terror. Para ser justo, em apenas uma cena, nos momentos finais do filme, podem haver alguns expectadores que se sintam incomodados com um momento envolvendo uma faca, pois, dada a simplicidade da cena, dá a impressão de que os atores realmente serão feridos com a faca.
Mas a sensação de incômodo fica somente por isso mesmo, pois nada funciona na película. Com uma direção insegura, roteiro raso e genérico e com atuações medíocres, não há suspensão da descrença e, dessa forma, não há o típico medo ou sensação de desconforto buscada pelos amantes de filmes de terror. E, como se não houvessem problemas o suficiente, a trilha sonora ainda pesa a mão, tirando o expectador da narrativa em vários momentos.
Diabo Branco surgiu causando curiosidade dada a sua premissa de filme de terror argentino, mas erra feio, entregando apenas uma película monótona e maçante.