Manoela (Mariana Ximenes) é uma jornalista na casa dos trinta anos que, além de estar enfrentando uma crise na revista em que trabalha, também não está muito satisfeita com a relação amorosa que tem com seu orientador de mestrado, Carlos (Fábio Assunção). Depois que ela conhece Helena (Débora Lamm) num incidente inesperado, acaba sendo levada até um grupo de terapia chamado L.O.C.A. (Liga das Obsessivas-Compulsivas por Amor), para mulheres que amam demais ou são ciumentas demais. Ela então vê uma chance de salvar não só seu emprego, como também de se vingar do homem que não a valoriza.
São dois os motivos que, por si só, indicam que vale a pena assistir a L.O.C.A.. O primeiro é o fato de ele ser protagonizado por Mariana Ximenes, cujo histórico de boas escolhas profissionais, não só no cinema como na TV – vale citar aqui alguns exemplos, conhecidos ou não, como A Casa das Sete Mulheres, A Favorita, As Brasileiras e Supermax – é quase impecável. Por isso, se ela está no elenco, é um bom sinal. O segundo é a própria diretora da produção. Mesmo sendo praticamente uma estreante na direção, Cláudia Jouvin já tem um excelente currículo como roteirista, bastando citar aqui que é de sua autoria vários episódios de A Diarista, A Grande Família e o surpreendente filme de terror nacional Morto Não Fala. E ela também assina L.O.C.A., mostrando sua versatilidade.
Sendo assim, com um orçamento baixo muito bem utilizado, o filme é uma sucessão de acertos, o que mais uma vez prova que não é preciso muito para se fazer uma boa obra! O enredo simples é dinâmico e cumpre muito bem o papel a que se propôs: ser uma comédia e fazer rir. E nisso não só Ximenes, mas também o resto do elenco de peso ajudam muito. A expressão catatônica e a risada maléfica de Débora Lamm são algo de sensacional. O jeito sisudo e controlador de Roberta Rodrigues, que interpreta Rebeca – a última ponta do triângulo de protagonistas -, também não fica muito atrás. Até o elenco de apoio tem um nível altíssimo e só posso dizer o quanto Valentina Bandeira está incrível como Joana, a irmã de Manoela. A comédia, é claro, está em seu sangue, como prova seu trabalho no excelente Tá No Ar a TV na TV. Quanto à parte masculina, esta também não deixa a desejar e Fábio Assunção, Otávio Müller, Érico Brás e Luis Miranda complementam muito bem essa história de mulheres contada para mulheres.
Extremamente colorido, com o rosa e o vermelho predominando na tela (e por conta disso, as madeixas de Ximenes, geralmente loiras, estão escuras para que ela não parecesse a Barbie), L.O.C.A. também mostra sua grande marca como produção 100% nacional. Aqui, o ponto central é como a película brinca com os estereótipos dos dois sexos e os exagera, ou seja, a visão que os homens têm de que as mulheres são loucas (e daí vem o encaixe com a sigla do nome do filme, especialmente porque na linguagem falada nós não pronunciamos a letra “u”) e a das mulheres de que os homens são libertinos. Começa então uma engraçadíssima guerra dos sexos que mostra a que veio no final.
Despretensioso e sem qualquer intenção de forçar a barra (especialmente dentro de seu gênero), L.O.C.A. é diversão garantida. Sugiro mil vezes antes de terminar dizendo o quanto é bom exaltar uma produção nacional.
Uma resposta
Parece bom,mais uma comédia ,poderia explorar mais gêneros o cinema nacional.