Roy (Frank Grillo) está preso num looping temporal: ele revive sem parar o dia de sua morte e não tem a mínima ideia do motivo de estar sendo perseguido por uma gangue de assassinos.
A fórmula do ciclo infinito de tempo já é bem conhecida do público e geralmente traz histórias muito interessantes. O enredo de Mate ou Morra (Boss Level), do diretor Joe Carnahan não é exceção e traz uma sinopse intrigante o suficiente para atrair a atenção. O longa teve divulgação intensa na mídia, talvez pela dificuldade de lançamento da película, primeiro pelos obstáculos impostos pelas produtoras, depois por causa da pandemia. Finalmente, no entanto, o filme estreia com Frank Grillo como estrela, fazendo um bom trabalho, diga-se de passagem.
Todavia, apesar desse enredo interessante, o filme deixa um pouco a desejar, e o primeiro motivo se refere ao exagero no alívio cômico. Muito comum – e geralmente muito bem-vindo – em filmes de ação, em Mate ou Morra esse artifício passa do ponto, parecendo querer alterar a classificação do filme da ação para a comédia, o que, no caso, não funciona muito bem, embora tenha servido para mostrar que se Grillo quisesse, poderia ser um ótimo comediante! As piadinhas até nos fazem soltar umas gargalhadas, mas a maioria delas também entra no looping e se repete até começar a ficar cansativa.
Outro ponto que incomoda é o fato de Mel Gibson e Naomi Watts terem sido deliberadamente desperdiçados no longa. Os dois têm pouquíssimo tempo de tela e, no caso de Gibson, ele praticamente aparece somente para contar uma historinha bem da ordinária mais ou menos no começo do filme e pronto.
Vilões meio bobinhos que aparecem inúmeras vezes sem qualquer contexto também não contribuem muito, que o diga Guan Yin (Selina Lo), sua frase de efeito bem chatinha e sua catana que não é catana.
E para terminar, há o fato de terem misturado na fórmula da película a questão dos games que, venhamos e convenhamos, não tem absolutamente nada a ver com nada da trama em questão. A impressão que fica é que colocaram o Street Fighter e outros clássicos ali somente para surfar na imensa onda dos filmes de games que estamos vivendo e, sinceramente, não precisava disso, vez que Mate ou Morra teria força suficiente para se sustentar em seu próprio gênero, já que o público de filmes de ação é enorme.
Quanto a outros quesitos técnicos, o longa vai bem, nada a reclamar da trilha sonora. Já fotografia utiliza das cores frias da ficção científica (azul, verde e branco e um pouco de vinho), outro estilo que é bastante explorado na película. E além disso, é muito bonitinho ver uma família trabalhando junta, já que quem interpreta o filho de Roy, Joe, é seu filho na vida real, Rio Grillo.
Sendo assim, Mate ou Morra promete mais do que consegue entregar, mas mesmo assim, consegue entreter o suficiente. Fica aqui uma curiosidade, no entanto: o final da versão americana do filme, lançada na Hulu é diferente da versão internacional lançada nos cinemas (e que estará disponível na Prime Video, depois da janela de lançamento nas telonas).