Crítica de filme

Cinderela

Publicado 3 anos atrás

Cinderela (Cinderella) é provavelmente uma das histórias mais adaptadas para o cinema. A essa altura fica um pouco difícil criar novas possibilidades de recontar essa fábula. Então eis que a Amazon Prime arrumou um jeito de fazer um filme só seu sobre a gata borralheira!

Sendo assim, desde a escolha do elenco o projeto causou burburinho, seja pela sua protagonista, Camilla Cabello, que atua no meio musical, até fada madrinha Billy Porter que é um homem negro da comunidade LGBTQI+.

Cinderela Billy Porter e Camilla Cabello
Billy Porter e Camilla Cabello em Cinderela / 2021 © Amazon Studios

No entanto, a impressão que essa versão passou é que o filme seria apenas para propósitos “lacrativos”. A internet foi povoada por marmanjos chorando mais uma vez porque sua infância foi arruinada, mesmo eles ignorando o fato de que a história é supostamente voltada para meninas. Todos conhecem a história da Cinderela e como ela sofre abuso pela madrasta e suas irmãs postiças depois da morte do pai. Menino ou menina, qualquer um cria empatia pela pouca sorte da moça, então é normal criar um vínculo por esse conto clássico. Mas pode ser bem cansativo acompanhar mais uma versão da história da órfã. Ainda assim, é uma trama que vai ter público, pois as pessoas são curiosas e mesmo que saibam o desfecho, querem curtir a jornada, ou criticá-la.

Porém, muitos adultos ignoram que esse tipo de filme não é feito para eles, mas para crianças! Suas críticas são sempre racionais, julgando todo e qualquer aspecto cinematográfico que não atinge seus padrões de qualidade. Mas e se as crianças ligassem para críticas ou as escrevessem? Elas provavelmente achariam Cinderela um deleite, porque afinal, crianças não enxergam rótulos, não enxergam preconceitos e muito menos analisam o que estão assistindo como os adultos fazem, elas só querem se divertir e se enxergar na história. E nisso, Cinderela cumpre seu papel.

Cinderela Camilla Cabello
Camilla Cabello em Cinderela / 2021 © Amazon Studios

Embora simples, as mensagens do filme são simpáticas e podem inspirar uma criança que está cabisbaixa ou procurando uma resposta simples para seus problemas não tão complexos. Crianças não ligam se um ator gay e espalhafatoso foi escalado, elas ligam se seu vestido é colorido o bastante para uma fada, elas ligam para a mágica! Quem julga e coloca defeito são os adultos. São esses valores que influenciam as mentes pequeninas, não uma pessoa que eles veem na TV! A criança não enxerga as mensagens subliminares que um pastor fala na igreja quando quer condenar um filme da Disney por ser do Diabo! Na verdade, elas procuram esse defeito que o adulto coloca. Reforçando, crianças só querem viver uma experiência legal, seguir seus sonhos, ouvir músicas da moda e ver pessoas que admiram estrelando histórias de contos de fadas.

Dito isso, não são apenas as crianças que vão curtir a experiência de Cinderela. Se você é adulto, o filme é divertido pra você relaxar em um final de semana. Tem algumas cenas para encher linguiça aqui e ali, mas no fim, dá para aproveitar a experiência. Porém, uma das coisas que incomoda na história é: por que criar personagens interessantes para no fim não desenvolvê-las? Ok, o enredo é sobre a Cinderela, mas se você vai abordar sobre a falta de voz nas personagens femininas, dê voz a essas mulheres ao invés de usar de pano de fundo só para reforçar um tema que a gente já sabe que está sendo trabalhado! Pela primeira vez ganhamos uma madrasta empática, que dá pra não odiar. Uns 5 minutos extras de tela no lugar de uma música que todo mundo está cansado de ouvir no rádio não faria mal, e definitivamente aproveitaria melhor Idina Menzel, vulgo desperdiçada em Hollywood! .

Cinderela Idina Menzel
Idina Menzel em Cinderela / 2021 © Amazon Studios

Camila Cabello é divertida, peculiar e debochada, mas é sempre gentil como Cinderela. No geral, ela trabalhou direitinho e merece uma estrela dourada. O elenco não mostrou grandes revelações, mas conduz o musical, que poderia ter algumas músicas originais ao invés de utilizar os clichês/clássicos de muleta. Crianças gostam de músicas chiclete? Sim! Só que é muito mais legal ouvir músicas originais! 

No fim, Cinderela não é excepcional, mas também não é de todo ruim, trazendo uma coisa nova aqui e ali para modernizar esse conto!

P.S. James Corden consegue a façanha de forçar a barra ao interpretar um rato!

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Cinderela Poster
País: EUA
Idioma: Inglês

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