Não há como não começar a falar sobre 007 – Sem Tempo Para Morrer sem ser mencionando que o filme marca a despedida de Daniel Craig como James Bond. Sem dúvida, Craig pode ser considerado o mais sentimentalista, o mais emotivo de todos os 007 que já passaram por nossa tela, e seu histórico de longas como o famoso agente secreto pode atestar essa afirmação.
Convenhamos, portanto, que Cassino Royale, sua primeira película na franquia sofreu com isso. Não é que o filme fosse ruim, mas não estávamos acostumados com esse estilo de Bond, já que o personagem possuía como uma de suas maiores características uma cuca bem fresca. O público não curtiu muito. O longa seguinte, Quantum of Solace, continuou no mesmo esquema. Foi só em Skyfall que as coisas entraram no eixo novamente. O Bond de Craig jamais deixaria suas emoções de lado, mas Skyfall retomou a maioria dos atributos que fizeram o personagem ser tão querido, e o ator provou que podia ser um 007 tão bom quanto seus antecessores. Passamos por Spectre e chegamos, enfim, a Sem Tempo Para Morrer que, posso dizer de antemão, fecha com chave de ouro o ciclo do sexto James Bond do cinema.
O filme chega bastante atrasado na linha do tempo em razão da pandemia, o que afetou o quesito novidade de alguns artigos (como o carro que o agente secreto dirige), mas fora isso, só o que foi testado foi nossa paciência e nível de ansiedade, devidamente recompensados com o resultado apresentado. Dessa forma, não é preciso nem comentar sobre a parte técnica da película, impecável do início ao fim – belíssima fotografia, belíssimo figurino, sensacional trilha sonora (apesar de eu, particularmente, não ter gostado muito da música de abertura), etc. No entanto, o enredo também chama atenção, já que são 163 minutos durante os quais não é possível desgrudar os olhos da tela – algo extremamente difícil de se realizar.
Na história, Bond está aposentado do serviço secreto inglês e pretende viver em paz, mas seus planos vão por água abaixo quando seu amigo da CIA, Felix (Jeffrey Wright), pede sua ajuda no misterioso caso de um vilão com uma perigosa tecnologia.
Nesse contexto, como já comentado, Craig entrega uma atuação tão densa quanto seu personagem se tornou, mas com os toques característicos do Bond que Sam Mendes recuperou em Skyfall e Cary Joji Fukunaga retoma agora. Porém o 007 não está sozinho, mas cercado por um elenco de primeira. Atipicamente, Léa Seydoux reassume seu papel como a Bond Girl da vez, a misteriosa Madelaine Swann, que continua guardando segredos mesmo quando seu passado nos é revelado. No papel do vilão Lyutsifer Safin está o ganhador do Oscar Rami Malek, ainda mais estranho do que seu vampiro de Crepúsculo, mas numa performance extraordinária e digna do grande ator que ele é. Jeffrey Wright, o Felix, está excelente como sempre e Lashana Lynch surpreende na pele de Nomi. Porém, se tem algo que pesa contra o filme é o pouquíssimo tempo de tela do super-crimonoso Blofeld de Christoph Waltz e da Paloma de Ana de Armas. Ambos só têm uma cena cada, mas mesmo assim fazem bonito demais.
Quero deixar claro, no entanto, que esse não se trata somente de um relato de uma fã da franquia 007, mas sim do reconhecimento de um grande trabalho do cinema. Sem Tempo Para Morrer tem cara de despedida, mas não qualquer uma. Tem a cara do James Bond de Daniel Craig e é carregado de emoção e nostalgia, mas também recheado daquela ação ao estilo que já conhecemos e adoramos. Podemos até concordar que, talvez, este não seja o melhor filme do agente secreto ou mesmo o melhor filme da era Craig (seria difícil competir com o Skyfall de Sam Mendes e a música de Adele), mas está aí para coroar uma carreira.
E assim sendo, espero que não tenhamos que esperar mais seis anos para ver 007 novamente, seja em qual pele estiver, mas seja como for, a personagem sempre voltará. Bond não tem tempo para morrer.
Respostas de 2
Ótima critica,para mim o melhor Bond de todos, Daniel Craig.
Obrigada! Ainda prefiro o Pierce Brosnan, mas gosto do Craig também.