Depois de muita espera e muito barulho, finalmente estreia Eternos, o mais novo longa do Universo Cinematográfico da Marvel (longa mesmo, porque o filme tem 157 minutos, sendo a segunda película com o maior tempo de tela do UCM depois de Vingadores: Ultimato (2019), que tem 181).
Eu não esperava muita coisa e, infelizmente, depois de duas cenas pós-créditos, vi que meus temores se confirmaram. Não se identificar com um ou outro cineasta é algo comum para os amantes de filmes e, tendo assistido à Nomadland (2019), o longa totalmente esquecível que foi o vencedor do Oscar do ano passado, posso dizer que, no meu caso, definitivamente não me identifico com Chloé Zhao. Sendo assim, à despeito de toda a discussão que existe na filosofia cinemática entre críticos e teóricos sobre o que é um filme autoral, é fato que a diretora imprimiu sua marca na película que ora se discute.
Seria ridículo, no entanto, não reconhecer as qualidades da cineasta em determinados quesitos técnicos. Por exemplo, a fotografia de Eternos é deslumbrante e é até estranho para quem está acostumado com aquele fundo verde típico das obras da Marvel poder ver tantas e belíssimas paisagens naturais, especialmente na hora do dia que Zhao mais aprecia: o pôr do sol. Fazemos, literalmente uma viagem pelo mundo, saindo da Austrália, passando por Londres e chegando na floresta amazônica, o que acaba construindo um cenário magnífico que vai desde o amarelo seco do deserto até o verde úmido da selva. Essa habilidade da cineasta, todavia, nós já conhecíamos de Nomadland e sabíamos que seria assim.
Porém de resto, nada mais no filme causa qualquer impacto no espectador, nem mesmo a trilha sonora de Ramin Djawadi que, embora bonita, está longe de ser seu melhor trabalho – quem já escutou as músicas do compositor nas icônicas aberturas de Game of Thrones e Westworld, da HBO, vai entender o que quero dizer. Quanto ao enredo, um salto temporal gigantesco de sete mil anos, um dos maiores de que já tive notícia, acontece, mas tem algo de grandioso nisso? Não. O elenco é bom, mas alguém se destaca com uma atuação digna de memória em um filme deste tamanho? Não (aliás, Angelina Jolie é bastante coadjuvante e Kit Harington tem pouquíssimo tempo em tela). Além disso, nenhum deles é carismático. O figurino é maravilhoso? Não, inclusive, chego a achá-lo fraco. E os alívios cômicos? Existem alguns sim, como sempre, mas nada demais.
Estamos diante de uma história em que seres divinos chamados Eternos, direta e explicitamente comparados aos deuses gregos Ícaro (Ikari, Richard Madden), Athenas, (Thena, Angelina Jolie), Mercúrio, (Makkari, Lauren Ridloff) Circe (Sersi, Gemma Chan), Hefesto (Phastos, Brian Tyree Henry) e outros, vêm para a Terra para enfrentar os Deviantes, seres malignos que atacam planetas ao longo do Universo destruindo suas formas de vida. Como desdobramento desse processo, eles acabam definindo a ordem evolutiva da raça humana e do mundo como o conhecemos.
Muito interessante, mas conduzido de forma arrastada e pouco instigante, o resultado da película decepciona por todos os motivos anteriormente explanados, fato que é agravado quando se é fã da Marvel e sabe o impacto que os filmes desse universo causa no público. E embora os filmes dos heróis do UCM já terem assumido uma pegada mais soturna há tempos, um clima de melancolia e desesperança ainda maior toma conta de Eternos do começo ao fim, sem o suporte de uma boa história.
Enfim, era de se esperar mais, mas é o que temos para hoje. Não sei se esses novos personagens, até então desconhecidos do grande público, irão “pegar”, mas se serve de consolo, a Marvel e a Disney ainda estão aí e sua produção dentro desse Universo de heróis, pelo menos por enquanto, é quase eterna!
Respostas de 2
Estou quase achando que tem gente de saco cheio de filmes de heróis,mas é o que tem pra hoje.
Kkkkkkkk! Não é pra qualquer um fazer esse tipo de filme, ainda mais com um público exigente.