Na véspera de seu julgamento, Joe (Jake Gyllenhaal) um oficial da polícia rebaixado a atendente de emergência entra em conflito quando recebe uma chamada telefônica de uma mulher sequestrada.
É mais do que comum assistirmos aos personagens dos filmes americanos ligando para o famoso 911, o número da emergência dos EUA, mas em O Culpado (The Guilty), a ideia do experiente diretor Antoine Fuqua foi claramente mostrar o outro lado da linha telefônica, não o da vítima, mas o do policial que recebe a chamada. Jake Gyllenhaal assume esse papel com uma atuação notável, mostrando mais uma vez o tamanho do seu nome.
Por ser praticamente o único personagem “visível” do filme, uma vez que dos outros nós só escutamos as vozes por telefone, Gyllenhaal tem tempo suficiente para mostrar toda a complexidade do seu personagem, desde o tédio inerente ao trabalho de atendente – mesmo que seja da emergência – , passando pela dor causada pelo fim de seu casamento e a saudade da filha, até a enorme culpa que sente pelos acontecimentos que o levaram a ser rebaixado ao cargo que está ocupando agora na polícia.
Ora, o cinéfilo experiente sabe que o longa de um só personagem não é nenhuma novidade, basta pensar em Gravidade (2013), com Sandra Bullock ou no excelente Oxigênio (2021), com Mélanie Laurent, por exemplo. Em películas como essas, que para alguns sempre parecem devagar, quase parando, duas coisas são essenciais: um super ator ou atriz, e um bom roteiro. Felizmente, esse é o caso dos dois exemplos acima e também de O Culpado.
Sendo assim, até pelo próprio título, já é possível perceber que o elemento de maior destaque no longa de Fuqua é a culpa, não só a que Joe sente, mas também a de Emily (Riley Keough), a mulher que liga para o 911 pedindo a ajuda dele, e a de Henry (Peter Sarsgaard), marido dela. No entanto, assistir a essa película é como brincar de gato e rato às cegas. Não ver toda a ação que está acontecendo nas ruas, ou seja, o que está acontecendo com Emily e com os policiais que estão perseguindo seu sequestrador é simplesmente desesperador, porque estamos tão cegos quanto Joe. Essa escuridão, aliás, é o ponto alto do filme – ela aumenta a angústia de cada novo toque de telefone que o policial recebe e à medida que Joe se fecha cada vez mais em seu isolamento interior e exterior.
Sendo assim, essa falta de ação e personagens visíveis e de cenários limitados pode desagradar alguns, mas com certeza aguça a percepção do espectador quanto ao protagonista e destaca a habilidade de alguns atores que somente com a voz, sabem fazer a diferença, haja vista Riley Keough, a Emily, e Paul Dano, o Mat. É uma experiência diferente, sem dúvida, e dá para saber apreciar.
Por isso, conclui-se que Jake Gyllenhaal é sim totalmente culpado de elevar um roteiro simples, um cenário simples e um filme que, por tudo o que foi dito, poderia ter dado muito errado, a um patamar de grande notoriedade. Quanto as culpas de seu personagem… Você vai ter que assistir para tirar suas próprias conclusões!
Respostas de 3
Parece interessante,vai pra lista.
Perfeita análise!!!👏🏻😍👏🏻👏🏻😍
❤❤❤