Crítica de filme

Sabor do Desejo

Publicado 3 anos atrás

Sabor do Desejo é um excelente título para o novo filme dinamarquês estrelado por Nikolaj Coster-Waldau, o Jaime Lannister de Game of Thrones. Ele conta a história de um casal, Carsten (Waldau) e Maggi (Katrine Greis-Rosenthal), que não mede esforços para atingir um sonho, o prêmio máximo da alta culinária, uma estrela Michelin.

Sendo assim, considerando vários aspectos, não há como negar que essa película escandinava é bastante interessante, dividida em capítulos que levam os nomes dos sabores (doce, salgado, amargo…) enquanto “mastigamos” a história e aos poucos a digerimos. Chego ao ponto de dizer que, embora a narrativa seja fictícia, o que assistimos é algo bem real , com quase nenhuma glamourização da cozinha ou dos relacionamentos…

Na verdade, Sabor do Desejo é sobre uma obsessão cega que obriga duas pessoas a sacrifícios questionáveis que extrapolam os limites pessoais e acabam afetando os outros em seu entorno. O objetivo, portanto, não é abrir o apetite do espectador como o famoso Chocolate (Lasse Hallström, 2000) ou o clássico A Festa de Babette (Gabriel Axel, 1987), e a paixão pela comida fica meio que ensombreada pela tensão e o estresse de se conseguir a tão almejada estrela Michelin.

Dessa forma, observada a decupagem bastante distinta da de Hollywood a que estamos mais acostumados, sem firulas, com cortes mais crus, um roteiro “grosso” e uma trilha sonora tímida, não estamos falando de uma história doce e muito menos de uma história apimentada, mas sim de algo muito mais amargo, para quem gosta de saborear chocolate que possui acima de 70% de cacau.

Lembrando em muitos momentos o sucesso Master Chef (especialmente pela tensão e as humilhações), é também uma película bastante introspectiva, de emoções que, embora pouco demonstradas (exceto no último quarto do filme), se tornam confusas pelo peso da responsabilidade que os protagonistas assumem, mas que, por incrível que pareça, ficam muito claras para o espectador em razão das belas atuações de Waldau e Rosenthal.

Fica claro, portanto, que Sabor do Desejo é bastante eficiente naquilo que se propõe e nos resta como sobremesa a questão que tempera toda a obra do diretor Christoffer Boe: será que cozinhar é tão difícil quanto se relacionar? A resposta não é dada, mas é óbvio que nenhuma das duas coisas é um “mamão com açúcar”.

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Sabor do Desejo Poster
País: Dinamarca, Suécia
Idioma: Dinamarquês

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