O novo filme do Homem-Aranha deveria se chamar Saudade de Casa. Todos os gritos, choros e outras reações da plateia em relação ao longa de Jon Watts, uma das películas mais esperadas do ano, só conseguem refletir uma coisa: fan services e uma nostalgia parasitária do passado.
Sim! Foi lindo assistir Sem Volta Para Casa e o motivo foi o mais simples de todos – porque ao tentar lançar um feitiço que recuperasse seu anonimato – já que no final de Longe de Casa, ele tem sua identidade revelada – Peter Parker acaba trazendo para sua realidade os vilões de suas outras personificações e, ao mesmo tempo, lançando uma teia firme de melancolia em seus fãs ardorosos.
Esperta, a Marvel sabe como ninguém manipular os sentimentos do público e nós (incluindo a mim mesma), caímos como patinhos numa falsa ilusão de felicidade, perfeitamente demonstrada pelas lágrimas que um filme que se alimenta do passado consegue arrancar, ativando lembranças do que uma vez foi espetacular.
Ah! Que saudade de Sam Raimi e de Marc Webb é o que nosso coração nos diz, sobrepujando aquela vozinha no fundo da mente que alerta que absolutamente nada de novo foi feito. Nada de novo e nem de bonito, a beleza solar e a textura incrível daquelas películas de duas décadas atrás substituídas pela experiência consideravelmente pior, escura e sem encantamento do Aranha de Tom Holland, algo que nem mesmo o melhor filme da franquia conseguiu consertar.
Vivendo de memórias, é possível dizer que, seguindo o exemplo das obras anteriores da fase Disney da Marvel, nem mesmo o roteiro do filme em si é fantástico, cumprindo apenas sua missão de volta ao passado, mas sem um pingo daquela iluminação que Raimi deu as seus filmes no começo do século.
Não faltou arrebatamento. Não faltou tempo. Não faltou emoção. Em Sem Volta Para Casa, faltou inspiração.
Em meio a nossa alegria – e continuo me incluindo, porque saí feliz da sala de cinema -, acabamos esquecendo do quão poderosa a Marvel é, e um grande poder traz uma grande responsabilidade. Cabe questionar se essa responsabilidade implica em viver de loops, parasita de si mesma.
Uma resposta
Será o filme curto igual essa crítica.kkkkkkk