Woody Allen é controverso, daqueles diretores ame o odeie, dono de um estilo bem característico que gosta de focar bastante nas questões internas de seus protagonistas e nas belezas de seus cenários que, inclusive, em boa parte das vezes estão nos títulos de suas obras.
Fica cristalina, portanto, a predileção do cineasta pelo cinema de arte europeu, fato que se reflete óbvio na forma de seus filmes. A Paris de Meia-Noite em Paris, a Nova York de Um Dia de Chuva em Nova York, a Barcelona de Vicky Cristina Barcelona, todas parecem pinturas clássicas de um mundo lúdico e belo, que vale a pena ser visto independente da história que está se passando.
Crítica | Um Dia de Chuva em Nova York: O Encantador Conto de Fadas de Woody Allen
Com Festival do Amor (Rifkin’s Festival), seu mais novo longa, não é diferente. Embora não esteja no título, dessa vez nos encontramos no cenário paradisíaco de San Sebastián, cuja beleza se junta à fantasia do cinema numa metalinguagem bonita de homenagem aos grandes mestres da sétima arte – e aproveita para dar uma alfinetadinha em Hollywood.
O enredo segue Mort Rifkin (Wallace Shawn), que acompanha sua mulher ao Festival de Cinema de San Sebastián, na Espanha. Cada um a sua maneira, ambos se deixam levar pelos encantos e beleza da cidade e pela fantasia do cinema.
Ex-professor e fã dos clássicos, Mort representa as paixões do próprio Allen, enquanto Sue (Gina Gershon), sua mulher, mais jovem e mais fresca, simboliza o vigor e o protagonismo do cinema norte-americano. Talvez seja por isso que ele se sinta atraído pela médica local, Dra. Jo Rojas (Elena Anaya), enquanto Sue se encanta pelo jovem diretor em ascensão, Philippe (Louis Garrel).
E é assim que, em em 88 minutos, durante um dos glamourosos festivais de cinema espalhados pelo mundo, acompanhamos Mort numa autorreflexão sobre sua vida e suas prioridades, enquanto apreciamos a pintura de Allen na tela e a atuação encantadora de Wallace Shawn.
Fã do cinema como um todo, mas tendo minhas próprias preferências, consigo apreciar tanto o cinema europeu quanto a máquina hollywoodiana, e em minha opinião, Woody Allen consegue misturar um pouco das duas coisas, suas obras ficando no meio termo delas, nem tanto ao céu nem tanto à terra. Sua competência, no entanto, mesmo para aqueles do time “odeio o Woody”, é inquestionável.
Festival do Amor carrega com orgulho sua assinatura, a história simples de uma pessoa, muito bem contada em cima de uma belíssima fotografia e através de atuações muito competentes. Você vai querer sair da sala de cinema diretamente para a Espanha do cineasta.
Respostas de 2
Pronta pra assistir!!!
Melhor do Woody é o documentário com a ex mulher dele,na HBO (só um pouco de maldade.).