Crítica de filme

Crítica | ‘tick, tick…BOOM’ – Quando a vida real torna-se arte naturalmente

Publicado 3 anos atrás
Nota do(a) autor(a): 5.0

O filme tick, tick…BOOM, estrelado por Andrew Garfield, teve seu lançamento na plataforma Netflix em Novembro de 2021. O longa de Lin-Manuel Miranda (diretor de Hamilton) traz a vida do jovem Jon (Garfield) que, prestes a fazer 30 anos, se sente pressionado por não ter seu sonho realizado. 

Em um roteiro musical, a trama se desenvolve com base nas composições e na história de vida de Johnathan Larson, criando emoções intensas e o homenageando de forma muito bonita e grandiosa. 

É interessante como a obra aborda a AIDS e a falta de informações governamentais sobre a doença ao mesmo tempo em que retrata como é a vida dos jovens artistas. É a verdadeira imagem do caminho que Larson trilhou enquanto perdia amigos queridos para a doença. 

O filme entrega um musical intenso e consegue atrair até quem não é muito fã do estilo, imergindo o público nas emoções do longa. Parte disso se dá pela atuação de Garfield que, por sua vez, conseguiu trazer sua versão completa como artista, cantando e atuando de forma espetacular no longa. 

Confesso que, pela propaganda, esperava mais de Vanessa Hudgens, porém compreendo a forma de publicidade da plataforma. Apesar de seu papel não ser “marcante”, há um motivo para que ela esteja no longa junto a outros artistas da Broadway (outra surpresa maravilhosa do filme). 

As partes musicais são bem colocadas e trazem uma conexão mística com os contextos  – realmente levam o espectador a enxergar o mundo através dos olhos artísticos e a visão de criação por trás das peças teatrais de Larson. 

Além disso, tick, tick…BOOM trata da pressão do tempo em relação àquilo que poderíamos fazer por amor, em vez de nos cobrarmos também junto à multidão que apenas pensa em sucesso e numa carreira dita como espetacular, mas que não trás nada intrinsecamente empolgante.

Dessa forma, cria-se uma reflexão tão atemporal quanto o longa e o legado de Jonathan, que soube expressar suas fúrias, frustrações e paixões de forma intensa, esvaindo tudo aquilo que muitos de nós não têm coragem de fazer – e ainda mostra o lado mais perverso do preço a se pagar pelos seus sonhos. 

Ao fim, Miranda conseguiu trazer o legado de Larson de forma natural, e é interessante pensar em quanto os assuntos tratados em suas composições são atuais, assim como sua obra Superbia, que nunca foi produzida (uma pena!!). 

A realidade é que estamos aqui até uma linha de chegada que não sabemos quando chegará. Por isso, é importante trilhar caminhos que nos tragam emoções, que nos leve para fora da zona de conforto (ironicamente, as mesmas pessoas que te colocam nessa zona são as que dizem que você precisa sair!) e que nos fazem buscar nosso objetivo e buscar realizar sonhos como Larson fez. 

tick, tick…BOOM merece 5 pelo impacto reflexivo que consegue causar aos espectadores. E claramente, as indicações de Andrew Garfield estão muito mais do que merecidas. Quem sabe não chega às indicações do Oscar?  

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tick, tick... BOOM! Poster
País: EUA
Direção: Lin-Manuel Miranda
Roteiro: Steven Levenson, Jonathan Larson
Idioma: Inglês

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