Crítica de filme

Crítica | A Guerra do Amanhã

Publicado 3 anos atrás
Nota do(a) autor(a): 3.0

Lançado em 2021, A Guerra do Amanhã apresenta uma curiosa premissa. Em um dia qualquer, um grupo de soldados do futuro surgem por meio de um portal e começam a recrutar pessoas do presente para lutar em uma guerra no futuro contra alienígenas monstruosos e sanguinários. Essa necessidade se deve ao fato de que os recursos no futuro estão extremamente escassos e a única opção é recrutar pessoas previamente selecionadas graças ao seu material genético.

É nesta situação aterradora em que se mete Dan Forester (Chris Pratt), um pai de família que nutre uma relação extremamente forte com sua única filha, Muri (Ryan Kiera Armstrong) e sua esposa, Emmy (Betty Gilpin). Porém, os problemas se iniciam quando, no futuro, em meio à uma sequência de batalhas extremamente violentas, nas quais muitos soldados são sacrificados na luta contra os monstros, Dan acaba por se encontrar com sua própria filha no futuro (agora interpretada por Yvonne Strahovski), já crescida e titulada com a patente de coronel, sendo inclusive uma das principais responsáveis pelas estratégias para a erradicação dos inimigos, apesar de também precisar lidar com dramas do passado envolvendo Dan.

Chris Pratt em 'A Guerra do Amanhã'
© 2021 Cortesia Amazon Studios.

Cabe à dupla agora encontrar uma maneira de deter de vez as criaturas e a solução provavelmente está no passado, mas para isso, Dan e sua filha precisarão resolver suas questões em um passado que Dan não viveu (graças à sua viagem temporal) e arriscar suas vidas em prol de uma possível esperança.

A Guerra do Amanhã é primeiro de tudo, um blockbuster, com tudo que blockbusters têm direito – alto orçamento, elevado nível de produção e astros conhecidos.

A direção de Chris Mckay é bastante bem inspirada, entregando um suspense no início ao esconder as criaturas, esperando para revelá-las no momento certo, causando grande impacto e desconforto, criando a atmosfera de ameaça ideal, que não é diminuída conforme as criaturas vão ficando mais habituais em cena, uma vez que o design dos monstros é muito bem realizado pela equipe de efeitos visuais. Ao invés de monstros genéricos, as criaturas são caóticas, possuem tentáculos letais, atiram dardos perigosíssimos e ainda por cima, demonstram como é verossímil a dificuldade que os soldados têm em eliminá-los, uma vez que as criaturas possuem um eficiente sistema de defesa, utilizando suas carapaças resistentes como escudos contra a munição dos soldados humanos.

A dinâmica estabelecida entre Chris Pratt e Yvonne Strahovski é bastante funcional e interessante de ver na projeção, especialmente por causa das mágoas que ela traz de uma versão dele que ele mesmo ainda não viveu e na qual não acredita, à luz do amor que sente agora pela filha, que poderia ser capaz de cometer erros tão graves a ponto de afastá-la e à sua mãe no futuro (em uma linha temporal entre o presente de Dan e o futuro em que Muri se tornou coronel).

Yvonne Strahovski em 'A Guerra do Amanhã'
Yvonne Strahovski em ‘A Guerra do Amanhã’ © 2021 Cortesia Amazon Studios.

Essa dinâmica ainda é potencializada devido à assertividade do roteiro, quando mostra ele tentando proteger sua filha, quando esta tem a própria idade dele e é sua superiora hierárquica, ou seja, ela é quem deve protegê-lo, mas o sentimento de pai e filha ainda permanece latente o tempo todo e apesar da lógica – ambos não são capazes de suprimir esse sentimento.

Com reviravoltas mirabolantes e uma participação interessante, mas logicamente duvidável (falaremos mais sobre isso adiante) do severo pai militar de Dan, James Forester (J. K. Simmons), Chris precisa flertar entre o presente e o futuro para derrotar de vez as criaturas, pois, se falhar, toda a humanidade será sacrificada.

Existem alguns problemas óbvios de roteiro, pois ao criar uma situação épica entre o grupo de protagonistas contra o núcleo principal dos alienígenas, várias conveniências começam a ocorrer. Militares de patentes altíssimas, aliados de cientistas e entendidos de todas as áreas, responsáveis por salvar a humanidade, não conseguem solucionar a melhor forma de enfrentar a ameaça, mas um grupo de soldados, consegue. São detalhes como estes que quase rompem com a suspensão da descrença, pois o expectador pode se sentir trapaceado. Porém, é preciso que se afirme que quase se perde a suspensão da descrença (parte do público irá perder sim), pois o filme compensa esses escorregões com carisma e grande parte disso é mérito do elenco principal, especialmente no timing cômico e na capacidade de entregar cenas físicas de Chris Pratt.

Com uma direção de fotografia lindíssima, colorida no presente e cinzenta, quente e esfumaçada no futuro (ilustrando o aspecto de destruição e escassez no futuro), uma direção bem inspirada, desenho de produção acertadíssimo e cenas de ação muito bem realizadas, A Guerra do Amanhã é um ótimo filme pipoca para toda a família, um filme para entreter e divertir e que ainda trás um calorzinho no coração para aqueles que vivem ou que já viveram o sentimento de paternidade e da relação entre filho e pai.

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A Guerra do Amanhã Poster Maior
País: EUA
Direção: Chris McKay
Roteiro: Zach Dean
Idioma: Inglês

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