Depois que a atriz Antuérpia Foz (Vera Fischer) morre de forma muito suspeita, Roberta (Cleo), uma sensual agente da Polícia Civil, dá início a uma investigação secreta na Clínica Bianchini de Realinhamento Energético, onde é produzido um chá viciante que pode estar causando a morte dos pacientes.
Parece até filme policial, mas ao contrário do que as palavras sinópticas podem fazer lembrar, Me Tira da Mira é o mais puro exemplo do que podemos chamar de comédia, misturada com um pouco de ação e aventura.
Confesso que há muito tempo (quem sabe até anos!) eu não dava tantas gargalhadas em um filme como dei assistindo à este longa, que é, para dizer o mínimo, uma verdadeira aula de como fazer comédia, passando longe do besteirol forçado. Surpreendi-me muito! E positivamente.
Tudo começa, é claro, pela escolha do elenco. A família de Fábio Jr., incluindo seus filhos Cleo e Fiuk, é há anos muito querida pelo público, e ver pai e filhos trabalhando juntos já é algo especial por si só. Mas será que só isso seria suficiente para fazer de Me Tira da Mira um bom filme? É claro que não.
É aí que entra a melhor seleção de coadjuvantes que se poderia esperar para que tudo desse certo. Júlia Rabello, que interpreta a atriz cancelada Natasha, merece todos os elogios e destaques. A comediante, sem dúvida alguma, protagoniza as melhores cenas do filme, principalmente quando tenta encarnar Ruth e Raquel, as gêmeas mais famosas da teledramaturgia brasileira, interpretadas originalmente em Mulheres de Areia por Glória Pires em , mãe de Cleo (que, portanto, também está presente no longa, pelo menos de forma referencial). No entanto, o trabalho de Bruna Ciocca, Viih Tube e Gkay também merecem menção, todas excepcionais no que fizeram.
Desta feita, entra em cena o roteiro que, embora simples, foi perfeito para o desenvolvimento de um notável trabalho de comédia. Podemos começar pelas piadas, que funcionam muito bem especialmente na interpretação de Júlia Rabello e sua obsessão com Ruth e Raquel, passando pelo portunhol bizarro de Silvero Pereira, que interpreta o bandido Ramirez (outro destaque da trama), e é claro, pelos clichês maravilhosamente encaixados na narrativa – inclusive tirando um pouquinho de sarro do terror.
Chama atenção também a trilha sonora, que acerta em todos os momentos e dão, é claro, o clima todo especial para a trama.
Me Tira da Mira usa e abusa da sensualidade de Cleo, do carisma da família Fábio Jr., e da capacidade e talento humorístico do elenco de apoio já citado. Dá para perceber, portanto, que a força aqui está inteiramente no cast feminino.
Se o objetivo é fazer ri, o filme se supera a cada momento, ainda mais para quem não espera nada e acha que Me Tira da Mira é somente mais uma comédia nacional. Não é! É melhor e se destaca em muito das outras obras nacionais do gênero. Vai uma gargalhada aí?