Crítica de filme

Retroceder Nunca, Render-se Jamais

Publicado 3 anos atrás
Nota do(a) autor(a): 2,8

Karatê, dojos e artes marciais estavam em alta nos anos 1980, especialmente depois do sucesso de Karatê Kid (John G. Avildsen, 1984), que até hoje causa sensação, especialmente depois do lançamento da série Cobra Kai em 2018. E eis que, recentemente, fui revisitar a década assistindo a outro trabalho que ainda não conhecia e que atende pelo nome de Retroceder Nunca, Render-se Jamais (No Retreat No Surrender), lançado um ano depois do clássico de Avildsen.

A trama segue Jason (Kurt McKinney), um jovem fã de Bruce Lee que se muda para Seattle depois que seu pai é espancado por bandidos das artes marciais. Na nova cidade, o fantasma de Bruce Lee aparece para ajudá-lo a defender a si próprio e aos outros.

Sendo assim, para começar, fica óbvio, logo de cara, que o filme pretende emular Karatê Kid, a começar pela escalação de Kurt McKinney para o papel principal. um ator muito parecido com Ralph Macchio, o Daniel LaRusso da outra produção. E não se enganem, assim como em Karatê Kid é muito bom assistir à evolução de Jason à medida que ele fica cada vez melhor na luta, e é fácil criar uma relação com o personagem, mas tudo acaba por aí.

Em certos aspectos, é impossível julgar o filme com os olhos contemporâneos, mas ainda assim arrisco dizer que, mesmo em sua pretensão, o longa é fraco em todos os aspectos. Na verdade, ele parece rejeitar qualquer aprofundamento, constituindo-se numa colcha de retalhos de situações rápidas, superficiais e até mesmo sem sentido.

Jason é um segundo Daniel LaRusso, mas sem o bom roteiro de Karatê Kid por trás. Seu melhor amigo, RJ (J.W. Fails), é um Michael Jackson da vida que passa o tempo dançando e desperta a ira (não se sabe porquê, já que a cena de explicação não estava na versão lançada do filme), de Scott (Kent Lipham) que talvez pretenda ser um Johnny (também de Karatê Kid) muito zoado. E até sua relação supérflua com Kelly parece com a de Daniel no filme de Avildsen.

Não vou entrar nem no quesito das interpretações, cuja teatralidade pode ser até intrínseca ao estilo na época, mas sem dúvida falta um vilão melhor, já que Scott não dá conta do recado e a presença de Jean-Claude Van Damme, que viria a se tornar um ícone, é quase uma ausência.

Por outro lado, a ideia do treinamento metafísico de Jason, cujo mestre é o fantasma de Bruce Lee, poderia ter sido o grande ponto do filme, como o de Daniel com o Senhor Miyagi (Pat Morita) e, no entanto, ela se perde em meio ao emaranhado da colcha de retalhos.

Dessa forma, o que sobra é uma tentativa frustrada de emulação, mas que, de certa maneira, ainda pode agradar se o objetivo for assistir algumas lutas de artes marciais, principalmente aquelas do final do longa. Mas que Retroceder Nunca, Render-se Jamais está longe de ser um Karatê Kid, está.

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Retroceder Nunca Render-se Jamais Poster
País: EUA, Hong Kong
Direção: Corey Yuen
Roteiro: See-Yuen Ng, Corey Yuen, Keith W. Strandberg
Idioma: Inglês

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