Crítica de série

Crítica | ‘Pacificador’

Publicado 3 anos atrás

Nota do(a) autor(a): 3,5

Quando foi anunciado que o famigerado James Gunn (diretor responsável por filmes icônicos como Guardiões na Galáxia para o universo compartilhado da Marvel e Esquadrão Suicida, para a concorrente DC Comics) iria produzir uma série narrando as aventuras de um dos mais controversos personagens de Esquadrão Suicida, o Pacificador (John Cena) o público começou a questionar (e muito) sobre o que viria a seguir.

Leia a crítica de ‘O Esquadrão Suicida’ aqui!

Parte do que se discutia partia do seguinte pensamento: como iremos assistir a uma série sobre um personagem que tem mais de vilão do que de herói? E essas perguntas foram respondidas rapidamente, pois o personagem, apesar de controverso, é, antes de tudo, um anti-herói, e não um vilão, informação esta que será provada com base em argumentos tirados do próprio enredo, a seguir.

Mas apesar dos receios do público, que preferia acompanhar qualquer outro personagem de Esquadrão Suicida, Pacificador, por incrível que pareça, surpreendeu a todos, entregando oito episódios, cada um mais insano e hilário do que o outro. Seguindo o estilo de Gunn, que tem um histórico em ambas as grandes empresas de quadrinhos e filmes de super heróis, encontramos novamente um grupo de pessoas habilidosas que precisa se unir (mesmo que a princípio contra a vontade) para deter alguma grande ameaça.

A ameaça em questão está na existência de criaturas chamadas Borboletas, que nada mais são do que estranhos alienígenas de aparência insetoide que invadem os cérebros dos humanos, matando-os e assumindo o controle de seus corpos. Aos poucos, estes estranhos seres estão construindo uma conspiração na Terra, realizando os preparativos para uma invasão.

Na verdade, a premissa da ameaça é extremamente genérica e isso ocorre de forma proposital, pois a ameaça em nenhum momento é tão importante para a trama (apesar de ser sim, divertida), uma vez que a real essência da série está no desenvolvimento de seu protagonista e na relação que ele passa a desenvolver com os demais companheiros.

Desses companheiros, aliás, podemos destacar Adebayo (Danielle Brooks), a filha da poderosa e manipuladora Amanda Waller (Viola Davis), uma garota altruísta que luta para não seguir os passos vilanescos de sua mãe; Emilia Harcout (Jennifer Holland), interpretada por ninguém mais, ninguém menos do que a esposa de James Gunn, uma agente habilidosa e ‘casca grossa’, interesse amoroso de Chris (como é chamado o Pacificador quando está sem seu uniforme), mas que não nutre por ele nenhum interesse amoroso; e por fim, mas não menos importante, o Vigilante (Freddie Stroma), um anti-herói com fortes inclinações homicidas e psicopatas, mas que além disso, é um grande fã do Pacificador.

Apesar de estarmos deixando de mencionar os demais membros da equipe do protagonista, não podemos deixar de lado o melhor amigo do personagem (sem contar, claro, Adebayo), Eagle, sua águia de estimação, uma curiosa ave com a habilidade de dar abraços nos poucos seres humanos por quem nutre amizade ou algum tipo de empatia (basicamente Chris, durante a maior parte da temporada).

Acompanhado de seus aliados desajustados, com uma limitada visão de mundo regada à preconceitos, intolerâncias, traumas da infância e muita, muita violência gratuita, os oito episódios exibidos pela HBO Max narram uma aventura de redenção em que um herói afastado dos ideais nobres de um verdadeiro representante da justiça por ter sido influenciado por um pai vilão e uma vida repleta de missões questionáveis, acaba por se reencontrar consigo mesmo e, nesse meio tempo, salvar o mundo de uma ameaça de outro planeta.

Com uma fotografia colorida, uma direção com um ótimo timing cômico – que é ajustado pela montagem e pela direção do elenco -, o Pacificador se revela como uma agradável surpresa, tornando um personagem odiado em um ícone da cultura pop, fazendo com que a audiência passe a amá-lo, torcer por ele e aguardar por suas novas aventuras.

As coreografias de ação, apesar de não serem geniais, são muito bem executadas, assim como os efeitos especiais e efeitos visuais (elemento importantíssimo nesse tipo de série que envolve criaturas alienígenas). O elenco está todo muito bem ajustado e pode-se perceber o quanto cada um deles compreendeu a proposta de seu personagem. Durante o enredo, não se pode mais saber onde começa John Cena e onde termina Chris e o mesmo pode ser dito dos demais personagens principais.

Em alguns momentos, pode-se perceber determinadas pequenas “barrigas” na trama, fato que comprova a falta de experiência de Gunn nesse formato de produção, porém, em nada essas deficiências de roteiro atrapalham a diversão da série.

Retornando ao que havíamos mencionado no começo do texto, podemos afirmar com precisão que Chris é sim, um anti-herói, na verdade, ele é um anti-herói no caminho para se tornar um herói. Percebemos isso por causa de sua necessidade de redenção. Após os eventos no filme Esquadrão Suicida, o personagem se revelou uma verdade máquina de matar, disposto a sacrificar seus próprios aliados em prol de suas ordens – um ‘bem maior’ questionável que ia contra os ideais de um verdadeiro herói -, e ele faz isso sem ao menos hesitar. Porém, logo nos primeiros episódios da série, percebemos um Pacificador diferente do que já havíamos conhecido. Agora ele demonstra arrependimento por aqueles que matou injustamente e ao mesmo tempo, começa a questionar seus princípios, decidindo que pode haver um caminho mais honrado para sua jornada de heroísmo.

Pacificador não é uma série perfeita, longe disso. Porém, nem de longe é um desastre. Trata-se de uma aventura simples, um divertimento escapista com cenas extremamente divertidas e engraçadas e que para completar, possui uma abertura que é simplesmente maravilhosa e impossível de ser ignorada.

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Pacificdor pôster

País: EUA

Idioma: Inglês

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