Crítica de série

Carnival Row – 1ª Temporada | Crítica

Publicado 5 anos atrás

Substituta de ‘Game of Thrones’ ou ensaio para ‘O Senhor dos Anéis’?

Já há algum tempo que o gênero fantasia provou que agrada e que pode ser grandioso – basta olhar e constatar o sucesso de produções como ‘O Senhor dos Anéis’ (2001-2003) e ‘Game of Thrones’ (2011-2019) – este último agradando até mesmo quem não é muito fã do estilo. Mas com sua nova produção, ‘Carnival Row’, estará a Amazon querendo preencher o vácuo deixado pela série de D.B. Weiss e David Benioff ou preparar terreno para sua maior aposta até hoje, que é a futura adaptação da icônica saga de J. R. R. Tolkien?

Talvez nem uma coisa nem outra, ou talvez as duas coisas, mas o fato é que ‘Carnival Row’ conquistou seu brilho próprio com ousadia e competência. Ao retratar uma sociedade vitoriana recheada de seres mitológicos, o roteiro original entrega uma história cativante, valorizada ainda mais tanto pelo maravilhoso visual do seriado, como pelas interpretações incríveis de Jared Harris (‘Chernobyl’), Simon McBurney (‘A Teoria de Tudo’), Indira Varma (‘Game of Thrones’), Orlando Bloom (‘O Senhor dos Anéis’) e – uma agradável surpresa – Cara Delevingne (‘Esquadrão Suicida’, ‘Valerian’), em sua melhor performance até hoje.

carnival row Cara Delevingne como Vignette
Cara Delevingne como Vignette Stonemoss

 

Não é difícil notar, no entanto, que a série não dá a ênfase usual a seus protagonistas. Em alguns episódios, Philo (Bloom) e Vignette (Delevingne) aparecem muito menos do que um personagem principal costuma fazer. Mesmo que o romance dos dois seja o núcleo gerador de todo o enredo, suas subtramas são tão interessantes e tão complexas quanto, o que dá a oportunidade para outros atores brilharem. A relação entre o fauno abastado Agreus (David Gyasi – ‘Interestelar’ (2014)) e a socialite humana Imogen (Tamzin Merchant – ‘Orgulho e Preconceito’ (2005)), por exemplo, é também um dos pontos altos da produção.

carnival row imogem e agreus
Imogen Spurnrose (Tamzin Merchant) e Agreus Astrayon (David Gyasi)

 

A presença de seres mitológicos, ademais, nada mais é do que uma forma muito interessante de retratar os conflitos sociais e a política. Sendo assim, o Burgo é um lugar em que os humanos mandam, enquanto fadas são obrigadas a servir ou a se prostituir, faunos são praticamente escravizados, bruxas vivem em lugares inóspitos e outras espécies são consideradas seres inferiores.

Mais ainda, tramas e manobras políticas são tecidas na alta cúpula do governo liderada pelo chanceler Absalom Breakspear (Harris), que também tem que lidar com sua mulher cheia de segredos, Piety (Varma), e seu filho problemático, o mauricinho Jonah (Arty Froushan).

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Absalom Breakspear (Jared Harris)

 

Como se isso não bastasse, um suspense muito bem conduzido é inserido quando assassinatos brutais – em que não há distinção de espécie – começam a acontecer.

E mesmo que em alguns momentos o dinamismo dos acontecimentos diminua e a trama pareça um pouco arrastada, logo Philo e Vignette aparecem para dar novo sopro de vivacidade à história. O romance que Bloom e Delevingne encarnam serve não somente de cereja do bolo, como também de alívio para os temas mais pesados e angustiantes.

Por tudo isso e mais um pouco, se ‘Carnival Row’ surgiu como um tapa buraco de ‘Game of Thrones’ ou como show de abertura para ‘O Senhor dos Anéis’, a série de Travis Beacham René Echevarria cumpriu melhor e muito mais do que o seu papel, tornando-se uma das melhores produções do ano, sem dúvida. Que venha a segunda temporada para nosso encanto e deleite.

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carnival row poster

País: EUA

Idioma: Inglês

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