Crítica de filme

Crítica | Digimon Adventure 2: The Begining

Publicado 12 meses atrás
Nota do(a) autor(a): 2.5

No início de Digimon Tri, filme que iniciou a exploração incessante da nostalgia do fã de Digimon por parte da Toei, vemos os protagonistas de Digimon 02 sendo derrotados por um inimigo misterioso. Apesar de haver uma explicação dentro do plot (eles são os novos digiescolhidos, seria de fato preciso se livrar deles para recuperar o elenco principal), a mensagem era óbvia: tratam-se de personagens com um valor baixo a ponto de suas “mortes” derem offscreen e raramente mencionados ao longo deste e dos 3 filmes subsequentes.

Pois a sina de Digimon 2 é viver na sombra do clássico Adventure. Uma sequência direta, porém inferior em quase todos os aspectos, a série não contava com uma história madura como a de Tamers, um conceito novo como Frontiers e um estilo de arte diferenciado como Savers. Restava apenas a iconicidade de sua abertura, de alguns dos digimons de seu elenco e de alguns de seus conceitos, como a evolução por Digiovos e a fusão de DNA.

E cá estamos em 2023. Após três tentativas de capturar o fandom de Digimon com o elenco clássico de Adventure, temos o retorno de Davis e companhia em uma sequência direta de Digimon Last Evolution: Kizuna, filme que, pelo menos por ora, é a aposentadoria definitiva dos digiescolhidos originais.

O filme começa quando, em um dia qualquer, um Digiovo gigante aparece sobre a torre de Tóquio. Quando os digiescolhidos vão investigar, encontram Lui, um garoto que parece ter relação com o acontecimento, e que diz ser o primeiro digiescolhido da história.

Lui é, aliás, o protagonista indiscutível do filme. Em seus 80 minutos de projeção, Digimon Adventure 02: The Beginning se assemelha mais à um pequeno arco de um anime do que a um filme de fato. Dentro desse contexto, o primeiro digiescolhido é quem toma os holofotes.

Poderia dizer também que é o personagem cujo arco dramático é melhor definido, porém, a verdade, é que é o único presente no filme. No início da projeção, vemos cada um dos personagens do 02 trabalhando, em uma montagem dinâmica para mostrar o ponto em que cada um está na vida e como eles se relacionam com seus parceiros. Para vários deles, esse é o máximo de contexto que teremos.

Isso não é algo necessariamente ruim, apenas uma pena considerando que, novamente, se trata de um elenco maltratado e sub aproveitado. Nesse sentido, é estranho até pensar que esse só é um filme de Adventure 02 pois é o que faria sentido na cronologia, e por motivo nenhum a mais.

Apesar disso, o centro do filme, Lui, funciona razoavelmente bem. Apesar de ter um drama raso e cuja resolução conseguimos ver desde o primeiro momento em que se apresenta, seu longo flashback é o ponto alto do filme por conter momentos genuinamente bem dirigidos. Gosto, principalmente, em como uma cena específica envolvendo seu aniversário é colorida, ressaltando o aspecto plástico e, até certo ponto, aterrorizante do momento. Na cena mais intensa do filme, de maneira nada orgânica (e não menos impactante por isso), a tela se tinge de um vermelho intenso.

É um trabalho de direção competente do diretor Yomohisa Taguchi, porém, funcionam melhor como cenas isoladas do que como parte de um todo. Ao tentar se ligar com a mitologia da série, o filme parece perder qualquer senso de caminho que tinha, culminando em um final que soa menos como a conclusão temática emocionante que quer passar, e mais como um clichê exausto.

Os problemas estruturais são tantos que, enquanto estava assistindo, achei que a virada do terceiro ato fosse, na verdade, a virada do segundo, já que muito pouco havia acontecido até então. A batalha final também parece estar lá por pura obrigação, visto que é curta e acaba de maneira extremamente anticlimática.

Dito tudo isso, estaria mentindo se dissesse que não gostei de rever o elenco do 02 em tela novamente. Por mais que não tenham o destaque merecido, é um grupo de personagens que pode ser aproveitado de maneira mais digna em possíveis filmes subsequentes. Por ora, porém, a pergunta persiste: por que, afinal, esse é um filme de Digimon 02?

Compartilhar
digimon 2 o inicio
País: Japão
Direção: Tomohisa Taguchi
Roteiro: Akiyoshi Hongo, Akatsuki Yamatoya
Idioma: Japonês

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *