Crítica de filme

Crítica | Priscilla

Publicado 11 meses atrás
Nota do(a) autor(a): 4.5

Em 2022, o diretor Baz Luhrmann apresentou ao mundo a sua própria cinebiografia da vida de Elvis Presley: deslumbrante, radiante e inquietante, do jeito que o Rei do Rock figura no imaginário da cultura pop. Um ano depois, chegou a vez da cineasta Sofia Coppola lançar sua versão, mas não com os holofotes em Elvis, e sim em outra figura muito importante na vida do ícone: Priscilla Presley, sua esposa.

Ao final dos anos 50, a jovem Priscilla (Cailee Spaeny) conhece a estrela em ascensão Elvis Presley (Jacob Elordi) enquanto a futura estrela servia o exército americano em uma base na Alemanha. Festas vêm e vão, eles se apaixonam e formam um relacionamento que, ao passar do tempo, vai se mostrando cada vez mais complicado. Assim nasce um dos casais mais icônicos e também conturbados da história.

É muito bonita a forma como Cailee Spaeny consegue transmitir sensibilidade, confusão e desilusão com seu olhar e retratar de forma quase cruel a ânsia de um relacionamento que foi o oposto de um conto de fadas. A atriz expressa seus sentimentos de inquietação de forma a convencer o espectador de que realmente há uma amargura e um senso de arrependimento que se desenrola no decorrer da narrativa.

O mesmo pode ser dito de Jacob Elordi, que a princípio causa estranheza interpretando Presley, ainda mais com a memória recente de Austin Butler como o cantor na última cinebiografia. Mas o fato é que o ator consegue interpretar bem o “lado B” de Elvis, especialmente se considerarmos que ele não é o protagonista dessa história.

A versão do Rei do Rock interpretada por Elordi não está voltada para seu figurino autêntico ou suas performances estupendas e sim para o Elvis sob a perspectiva de Priscilla. Sim, Elvis Presley é o personagem catalisador do inferno que se tornaria a vida de sua futura mulher (já que o casamento só aconteceria em 1968), mas a diretora Sofia Coppola dá aqui um verdadeiro show ao retratar com tamanha intimidade a vida da figura, sem apelar para cenas com carga emocional exagerada.

Vale ressaltar que a cineasta teve como base o livro autobiográfico da própria Priscilla Presley, que também atuou como produtora executiva no filme. Apesar de ser considerado um filme com duração média (110 minutos), a narrativa consegue utilizar bem seu tempo para encaixar as cenas de forma que a história que está sendo contada não pareça arrastada. No entanto, é importante frisar que o filme se destaca pelo envolvimento do público com as duas atuações principais.

Priscilla então se estabelece como mais um ótimo trabalho de Sofia Coppola. É um filme para ficar de olho durante a temporada de premiações de 2024. O longa já rendeu o prêmio de Melhor Atriz para Cailee Spaeny no Festival de Veneza e certamente trará mais indicações no decorrer das próximas premiações.

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Priscilla Poster
País: EUA
Direção: Sofia Coppola
Roteiro: Priscilla Presley, Sandra Harmon, Sofia Coppola
Idioma: Inglês

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