Quase 14 anos após o lançamento de seu antecessor, chega aos cinemas brasileiros Nosso Lar 2, dirigido mais uma vez pelo cineasta e escritor Wagner de Assis. A obra literária Nosso Lar é o primeiro de uma série de 13 livros psicografados por Chico Xavier, sob auxílio do espírito do médico André Luiz e adaptado para o cinema em 2010.
Nessa continuação, a adaptação foi baseada no livro Os Mensageiros, parte da série psicografada por Chico Xavier. André Luiz (Renato Prieto) se junta a espíritos mensageiros liderados por Aniceto (Edson Celulari) com a missão de resgatar três espíritos cujas histórias interligadas estão prestes a fracassar.
A obra cinematográfica Nosso Lar sempre foi um grande expoente para a comunidade espírita brasileira pela grande fidelidade com o livro e também por retratar de maneira bastante verosímil sua crença, tendo sido sucesso de público e crítica em seu lançamento.
Não há uma grande inovação na totalidade da obra, que segue a mesma premissa de seu antecessor, principalmente em seu enredo, que é, ainda, sobre causa e consequência segundo a visão do espiritismo, utilizando-se dos mesmos elementos tais como a vida na falange espiritual, o umbral, a relação entre os habitantes espirituais e sua relação com o plano terrestre.
Claro que aqui podemos observar uma profundidade muito maior no quesito de relação entre encarnados e desencarnados, pois vemos o espírito de Otavio (Felipe de Carolis) tentando sabotar a família de Isidoro (Mouhamed Harfouch), mostrando como espíritos obsessores podem nos fazer tomar atitudes terríveis, prejudicando a própria vida e a vida dos que nos cercam também.
A riqueza de diálogos, as discussões profundas sobre vida e morte e toda a abertura da filosofia espírita são os pontos fortes do longa, sempre trazendo uma reflexão de como nossas ações podem trazer consequências boas ou terríveis, que muitas das vezes não colhemos em vida.
Mesmo para quem não professa a fé espírita é de grande valor todo o contexto que o longa aborda para nos fazer pensar sobre fraternidade e amor àqueles que nos cercam, mostrando também que há sempre algo maior cuidando e guiando os passos daqueles vivem nesse plano. Nos mostra também a importância do propósito de vida, seja o propósito individual de cada um, seja o propósito coletivo, abordando, ainda, a questão da caridade, que é um dos maiores princípios do espiritismo.
No entanto, apesar do enredo profundo e muito bem escrito e de um elenco de peso, há um problema que é recorrente de seu antecessor: os efeitos especiais. Mesmo após 14 anos do lançamento do primeiro longa, o visual continua precário, principalmente nas cenas ambientadas na falange Nosso Lar, destacando-se também o figurino de seus personagens, muito simplórios para uma obra com tamanha expressão.
Isso, todavia, não é algo que atrapalhe a experiência por inteiro, mas a precariedade de efeitos mostra que faltou um certo cuidado e um olhar mais crítico para tal área, pois apesar de não ter um orçamento gigantesco, o filme ainda assim poderia ter sido melhor trabalhado para mostrar uma visão ainda mais exponencial do plano espiritual que os livros psicografados nos contam.
Destaco ainda a belíssima atuação de Felipe de Carolis, que interpreta o espirito Otavio. Desde as cenas de diálogos mais calmos até as cenas intensas, o ator entrega um trabalho de extrema excelência, deixando o público cada vez mais imerso na obra.
Nosso Lar 2 já foi visto por mais de um milhão de pessoas nos cinemas do Brasil todo e bateu a marca de sexta maior bilheteria de estreia do cinema nacional, sendo um sucesso de público e de crítica.
Uma resposta
Que alivio, finalmente uma critica inteligente dirigida ao filme.
Adorei e me emocionei em varias cenas assistindo o filme.
Parabéns à toda equipe!
Vão ao cinema, prestigiem o cinema brasileiro!