Crítica de filme

Kung Fu Panda 4

Publicado 8 meses atrás
Nota do(a) autor(a): 2.0

Em um certo momento de Kung Fu Panda 4, o Senhor Ping (James Hong/Alexandre Maguolo) conversa com Po (Jack Black/Lúcio Mauro Filho) e faz uma reflexão sobre mudanças, sejam elas espirituais ou em nossas vidas, e diz: “Se o cardápio do meu restaurante tivesse sempre a mesma comida, eventualmente o sabor ficaria sem graça”. Curiosamente, essa reflexão não se aplica ao próprio filme, que não arrisca grandes mudanças em relação à própria franquia e é, de fato, a iteração mais sem graça entre suas sequências.

Po está se preparando para se tornar o líder espiritual do Vale da Paz, mas antes precisa de alguém para ocupar seu posto como Dragão Guerreiro. Assim, ele busca um sucessor mestre kung fu digno e acaba cruzando o caminho de uma vilã misteriosa chamada Camaleoa (Viola Davis/Taís Araújo), que conjura vilões do passado, e de uma raposa bem sarcástica chamada Zhen (Awkwafina/Danni Suzuki).

Pelo momento do anúncio oficial da sequência lá no início de 2023, esperava-se que a DreamWorks e o diretor Mike Mitchell seguissem um estilo de animação mais único que justificasse o retorno de Kung Fu Panda às telonas depois de oito anos do último filme, tal qual aconteceu com Gato de Botas 2: O Último Pedido, que foi altamente aclamado pela revigoração de sua identidade, seja na parte visual ou narrativa, 11 anos após o primeiro filme.

Entretanto, em momento algum Kung Fu Panda 4 justifica sua própria existência. Na verdade, diversos pontos são bizarramente questionáveis, tal qual o fato de ter ausentado personagens bem carismáticos dos filmes anteriores e trazerem de volta outros que são meramente participações especiais sem nenhum fundamento na trama.

É claro que por se tratar de uma animação voltada para o público infantil, parece “exagerado” esperar algo mais profundo e até mesmo maduro, mas com longas animados bem relevantes sendo lançados atualmente, como o já citado Gato de Botas 2 e a saga do Homem-Aranha: Aranhaverso, a quarta entrada da franquia parece deslocada do contexto cinematográfico atual. 

Para não citar apenas pontos negativos, os 94 minutos do filme são bem aproveitados em termos de ritmo, e possuem cenas de ação divertidas distribuídas ao longo de sua rodagem. Provavelmente irá agradar ao público infantil hoje, mas para aqueles que acompanham desde o primeiro filme, e certamente já não são mais tão crianças, é bem capaz que acabem se decepcionando.

Em suma, Kung Fu Panda 4 não impressiona em nenhum aspecto de seu todo, e nem pavimenta um caminho para uma possível reinvenção da franquia. Sobra apenas as migalhas de uma nostalgia inventiva que tenta, a todo custo, trazer seu público de volta aos cinemas, mas falha. O resultado é um filme esquecível que dificilmente será lembrado em alguns poucos anos.

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Kung Fu Panda 4
País: EUA
Direção: Mike Mitchell
Roteiro: Jonathan Aibel, Glenn Berger, Darren Lemke
Idioma: Inglês

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