Essa é uma história onde a alegria praticamente não tem vez
Às vezes, nem as melhores intenções, nem os sentimentos mais sensíveis, nem os melhores atores, a melhor trilha sonora, enfim, às vezes, nem a melhor mise-en-scène consegue salvar uma história. A Vida Invisível, do diretor Karim Aïnouz, tem tudo isso, mas no final, o conjunto da obra simplesmente decepciona.
Baseado no livro A Vida Invisível de Eurídice Gusmão, de Martha Batalha, há que se reconhecer que Karim teve muitos méritos em sua adaptação para o cinema, a começar pela escalação das duas atrizes principais, Julia Stockler e Carol Duarte. Da atuação das duas só se pode tecer loas. Da fotografia também não se pode reclamar – a miséria do Rio de Janeiro de meados do século passado, contrastando com a riqueza da paisagem natural é mostrada com esmero. A trilha sonora também completa muito bem o estado de espírito de cada cena. Figurino e maquiagem estão perfeitamente de acordo com a época que se quer mostrar. A escolha da lente da câmera, que dá à imagem um ar mais esmaecido para retratar tempos mais antigos está perfeita. E as cores mais puxadas para o verde, assim como o suor, presença constante no corpo dos personagens, dão verdade ao clima tropical de nosso país.
Como se disse, tudo muito lindo, tudo muito cuidadoso, tudo muito perfeito. Mas Guida (Julia Stockler) e Eurídice (Carol Duarte), as duas protagonistas, só fazem sofrer. Sua tristeza só é interrompida por raros momentos de alegria – como quando, no começo, Eurídice sentava-se ao seu piano e, sorrindo, exclamava que seus dedos não podiam parar de tocar -, fazendo A Vida Invisível sair do patamar de drama para o mais forte dos melodramas, no sentido mais dramático que se pode dar à palavra.
Da fotografia, como também já mencionado, além da beleza natural tropical, se vê miséria, miséria e miséria. A música diegética que caracteriza a obra, apesar de demonstrar a perícia de Eurídice ao piano, não é das mais agradáveis de se ouvir. Do sexo, que é outra faceta também bem presente no longa, só é mostrado seu pior lado – o estupro conjugal; a infelicidade da mulher quando o homem não consegue satisfazê-la a ponto de ela ter que fingir prazer para agradar a ele (afinal estamos falando de uma sociedade machista).
No longa há muito amor fraternal, o que se demonstra principalmente pelas cartas escritas por Guida à irmã, Eurídice – a qual ela imaginava que estava vivendo longe, na Europa – e na incapacidade de Eurídice de viver plenamente seu casamento e criar sua família, por estar sempre com a sombra de Guida na mente – a quem ela, da mesma forma, achava que vivia em outro país distante. E também há muito orgulho ferido. O orgulho de um pai retrógrado que não aceita que uma filha tenha se tornado mãe solteira, e o orgulho da filha que jamais perdoou ou tentou se reaproximar desse pai, nem mesmo em nome do reencontro com a irmã.
São longos 139 minutos de filme em que a beleza da sensibilidade e esmero da mise-en-scène perdem para a depressão profunda da história, das cores e das músicas; em que a diegese se iguala à realidade. Se se pudesse defini-lo em uma única palavra, seria angústia. Portanto, se lhe apetecer entrar nessa história de A Vida Invisível, é melhor estar bem preparado.
Respostas de 4
Que desperdício de espaço crítico. Se não a avaliação, corrija-se pelo menos os erros gramaticais nela: “é melhor está preparado” está incorreto; o certo seria “é melhor estar preparado”. E o nome do diretor está escrito errado no segundo parágrafo. Esse texto só demonstra a fragilidade de quem o escreveu. A tristeza também pode ser (e frequentemente é) belíssima. A quem estiver lendo estas palavras, por favor, não seja essa crítica que os impeça de assistir a esse filme tão belo.
Grata pela sua leitura, correções e comentários.
Uma crítica que não é nada. Bom filme. Excelente história. Atores muito bons, nos poucos minutos Fernanda Montenegro é referência. Banda sonora magnífica. Fotografia a recordar.
Esta crítica é daquelas críticas de inveja de simples maledicência só porque sim.
Dar um 2 numa obra de arte como essa? Caramba.. Fala e não diz para o que veio. Onde ta a decepção?