Crítica de filme

Um Dia de Chuva em Nova York

Publicado 5 anos atrás

Usando da metalinguagem, o longa nos leva a um divertido passeio por Manhattan

Era uma vez um casal de namorados que decidiu passear em Nova York. Assim tem início Um Dia de Chuva em Nova York, o conto de fadas de Woody Allen, estrelando Timothée Chalamet, Elle Fanning e Selena Gomez. Simples não é mesmo? Não há florestas, príncipes encantados e lindas princesas. Não há feitiços, bruxas malvadas ou madrastas abusivas. Há somente Gatsby (Chalamet), um jovem aristocrata nova yorkino, e Ashleigh (Fanning), uma estudante de jornalismo que consegue descolar uma entrevista com o cineasta do momento: Roland Pollard (Liev Schreiber).

Elle Fanning e Timothée Chalamet
Elle Fanning eTimothée Chalamet em Um Dia de Chuva em Nova York

 

Aproveitando então a missão da namorada, Gatsby trata de construir para os dois um fim de semana perfeito, com almoços e jantares e música… Enfim, um perfeito dia romântico cheio de glamour e sofisticação. Com isso em mente, eles partem para o mágico reino de Manhattan. Mas o que era para ser uma rápida entrevista de 1 hora com o fantástico Pollard, acaba se tornando um dia de chuva decisivo na vida dos dois jovens. Eles se separam e aí começa toda a diversão.

Ashleigh acaba se envolvendo, meio que sem querer, cada vez mais fundo no meio cinematográfico e, além de Pollard, conhece também Ted Davidoff (Jude Law) e Francisco Vega (Diego Luna), este último o galã de cinema da vez que ela define como a melhor coisa que aconteceu desde a pílula do dia seguinte. Elle Fanning consegue dar à personagem o frescor que o papel exige e se esforça bastante, mas está longe de ser (para usar suas próprias palavras), a melhor coisa do filme.

Essa função coube, mais uma vez, a Timothée Chalamet, ator que tem chamado a atenção por seu grande talento. E não é para menos, vide, por exemplo, O Rei, filme recentemente inserido no catálogo da Netflix que ele protagonizou (leia nossa crítica aqui). As boas risadas que Um Dia de Chuva em Nova York arranca durante seus 92 minutos de duração vêm praticamente todas dele. Seu jeito de andar com as mãos no bolso e o pescoço projetado para frente, bem como o humor sarcástico e pontual dão uma personalidade peculiar a Gatsby. Sua grande erudição e o charme meio antiquado completam a aura do tal príncipe encantado que ele acaba se tornando, também meio sem querer e por acaso.

Timothée Chalamet
Timothée Chalamet

 

Chalamet é também a ferramenta usada por Allen para inserir as inúmeras referências às artes que ele tanto gosta de mostrar em seus filmes, coisa que ele faz muito em Meia Noite em Paris também. Isso porque Gatsby é profundo conhecedor do requinte e de tudo o que é considerado de bom gosto, pelo menos para a aristocracia e os entendidos do assunto. Só eles vão notar, por exemplo, que enquanto Gatsby está no museu com Shannon (Selena Gomez), está acontecendo uma exposição de Rodin.

Aliás, por ser bastante intelectual, culto e principalmente bastante rico, Gatsby nos faz passear por cenários de puro deleite que vão desde um campus rodeado pela natureza até hotéis luxuosos e galerias requintadas. E assim o conto de fadas vai se construindo, em tons cinzentos de chuva e asfalto (que justificam o título do filme); bem como os amarelos dos holofotes do cinema, da luz de velas dos restaurantes e dos abajures que iluminam o piano, cujas notas comandam a belíssima trilha sonora.

Timothée Chalamet e Elle Fanning

Assim, com essa encantadora metalinguagem, Woody Allen desenhou Um Dia de Chuva em Nova York e o tornou um filme surpreendente. O bom time de astros da nova geração de Hollywood fez um grande trabalho. E quando muitos forem considera-lo old fashioned… Digam-me: Que conto de fadas não é?

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um dia de chuva em nova york poster
País: EUA
Idioma: Inglês

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