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Em ‘Descontrole’, Carolina Dieckmann mergulha no abismo do alcoolismo

09/10/2024 •
09:42
Carolina Dieckmann
© UPI / Alamy Stock Photo

Em um momento em que o cinema brasileiro continua sua incansável busca por histórias que reflitam nossa realidade social, Descontrole surge como uma proposta intrigante ao abordar um tema delicado através das lentes da dramédia. O filme, que começará suas filmagens em novembro no Rio de Janeiro, traz Carolina Dieckmann em um papel que promete ser um divisor de águas em sua já consistente carreira.

Na pele de Kátia Klein, uma escritora de 45 anos, Dieckmann nos conduzirá por uma narrativa que soa dolorosamente familiar para muitos profissionais criativos da atual geração. A personagem central encontra-se em meio a uma tempestade perfeita: uma crise criativa somada às pressões profissionais e pessoais – uma combinação que frequentemente serve como gatilho para comportamentos autodestrutivos.

O que começa com uma “inocente” taça de vinho – aquele clichê tão romantizado em filmes e séries como solução para um dia difícil – rapidamente se transforma em uma espiral descendente rumo ao alcoolismo. É como se assistíssemos a um acidente em câmera lenta, em que cada gole representa um passo em direção ao abismo.

A escolha de Rosane Svartman para a direção não poderia ser mais acertada. Conhecida por seu trabalho em Vai na Fé (2023), Svartman retorna ao cinema para seu sétimo longa-metragem. Sua capacidade de equilibrar temas sérios com momentos de leveza, demonstrada em seus trabalhos anteriores, sugere que Descontrole está em mãos experientes.

O que torna Descontrole particularmente interessante é sua proposta de ir além do tema óbvio do alcoolismo. Como bem pontuado por Iafa Britz, produtora e responsável pelo argumento original, o filme pretende explorar uma teia complexa de questões contemporâneas: os excessos, as compulsões e, ironicamente, o controle excessivo que permeia nossa sociedade.

É como se o filme propusesse um espelho através do qual podemos observar nossas próprias batalhas com o equilíbrio – seja com álcool, trabalho, relacionamentos ou qualquer outro aspecto da vida moderna que nos leva ao limite.

Para Carolina Dieckmann, este papel representa o que ela mesma chama de “desafio desejado”. A atriz, que já demonstrou sua versatilidade em diversos papéis ao longo de sua carreira, terá a oportunidade de explorar um personagem que exigirá nuances delicadas. O arco dramático de Kátia Klein promete ser um terreno fértil para Dieckmann demonstrar sua maturidade artística.

Assim, Descontrole se posiciona como uma obra que promete transcender as expectativas de um “filme sobre alcoolismo”. Ao optar pelo formato da dramédia, os realizadores parecem buscar um equilíbrio delicado entre entreter e provocar reflexões profundas sobre os desafios da vida contemporânea.

A combinação de uma equipe experiente, liderada por Rosane Svartman e Carol Minêm na direção, com o talento de Carolina Dieckmann e um roteiro que promete não se render ao óbvio, sugere que estamos diante de um projeto promissor do cinema nacional.

Para os amantes do cinema brasileiro e apreciadores de narrativas que mesclam drama e humor com inteligência, Descontrole se apresenta como um título a ser aguardado com grandes expectativas.

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