As informações bombásticas deram muito o que pensar sobre o que vem por aí
Embora as recentes notícias sobre o Universo de Gelo e Fogo não sejam mais tão recentes assim, não posso deixar de me pronunciar sobre as bombas que foram lançadas alguns dias atrás. Foram notícias que me deixaram triste e feliz ao mesmo tempo, numa mistura confusa de sentimentos sobre uma das histórias que mais amo na vida.
Tudo começou, é claro, no Austin Film Festival, quando os criadores de Game of Thrones, David Benioff e D. B. Weiss, os D & D, finalmente apareceram em público. Eles haviam tomado um chá de sumiço desde que foi ao ar a derradeira temporada do seriado que tamanha raiva causou nos fãs da série. Como relatou matéria divulgada na Forbes (leia aqui), os autores aproveitaram a presença no evento para responder algumas perguntas e um usuário do Twitter denominado @ForArya documentou tudo o que lá foi dito. O resultado não poderia ter sido pior.
Da forma como tudo foi feito, é claro, não dá para ter certeza se o que foi relatado por esse perfil fã é verdade… Mas a coisa toda foi tão surreal que o mais provável é que seja mesmo.
O que aconteceu
Não vou me deter muito nos detalhes, porque se você também é aficionado ou simplesmente é ligado em cinema e TV, já deve ter lido tudo o que aconteceu. Para refrescar sua memória portanto, farei um breve resumo do episódio. Basicamente, @ForArya escreveu que os D & D até hoje não sabem porque a tarefa de realizar Game of Thrones coube justamente a eles, já que não tinham nenhuma experiência prévia com os temas dos livros. Foi dito que eles não tinham ideia de como trabalhar com figurinistas – o que é algo muito importante para uma série de fantasia – e, quando perguntados sobre sua experiência em fazer Thrones, eles a definiram como “uma escola de cinema cara”. Além disso, os dois nunca entraram na internet para ler as críticas e comentários dos fãs que, obviamente, entendem os livros muito melhor que eles.
Como se pode perceber, estava tudo errado. Sabendo agora desses detalhes, era óbvio que, quando o material de apoio acabasse – já que só existem cinco livros publicados -, a sequência final de Game of Thrones estaria fadado ao insucesso. Logo o final, logo o fechamento, que merecia a grandiosidade que a série quase toda teve. A história merecia. O criador da história, George R. R. Martin, merecia. Os fãs mereciam. O mundo ficou decepcionado, triste e com raiva. Muita raiva. E não sem razão.
Malfeito feito… e agora?
Mas não adianta chorar sobre o leite derramado. O malfeito está feito, como diria o Harry Potter ao seu Mapa do Maroto. Depois daquela oitava temporada, só nos restava olhar para o futuro. E o futuro, era o prequel de Game of Thrones que foi anunciado pela HBO, um projeto ainda sem nome que esmiuçaria a origem do Rei da Noite e dos Outros, já que o assunto não foi muito explorado na série principal (tudo foi mostrado muito brevemente em uma das visões de Bran). Uma família Stark no início dos tempos de Westeros também seria destaque da história porvir, que o próprio George Martin chamou de A Longa Noite.
Essa foi a primeira notícia que me deixou confusa de sentimentos. Ao mesmo tempo em que me senti muito feliz por saber que de alguma forma eu iria voltar ao Universo de Gelo e Fogo, fiquei triste pela escolha da parte da história que a HBO resolveu contar. Porque afinal de contas, de todas as opções que tinham, eles escolheram a pior de todas!
E podem acreditar. Havia inúmeras opções. O Universo de Gelo e Fogo é imenso (é como a Terra Média de Tolkien). Dá para fazer seriados pelo resto do século, se quiserem, focando cada hora em uma parte ou um momento de toda a história. Por que então escolheriam justo aquela parte em que os protagonistas são criaturas mortas que transformam os vivos em zumbis de olhos azuis e mãos negras, ou seja, em White Walkers? Tem muita coisa melhor a ser explorada, e a origem dos Outros poderia muito bem ser contada como uma parte de um seriado que não fosse só sobre eles, com maiores detalhes do que os que foram mostrados em GOT, é claro.
As opções
Não era A Longa Noite que eu queria assistir. Pessoalmente, como super fã, a história que eu mais desejava ver transformada em série era A Conquista de Aegon, obviamente. Mesmo que só mencionada nas Crônicas de Gelo e Fogo, essa sempre foi a parte da história que mais me fascinou, quando Aegon Targaryen e suas irmãs, Visenya e Rhaenys, voaram em seus dragões para juntar os beligerantes Sete Reinos sob a sua coroa.
Também não seria nada mal, não seria nada mal mesmo que produzissem A Rebelião de Robert, acontecida após o Grande Torneio de Harrenhal, quando Rhaegar Targaryen sequestrou Lyanna Stark e então, Robert Baratheon, seu noivo, desafiou o Rei Louco e metade do Westeros para resgatá-la e vingá-la.
Seria do meu extremo agrado também a produção de O Grande Conselho de 101 d.C., que aconteceu logo após a morte do Velho Rei, Jaehaerys Targaryen, Primeiro de Seu Nome, um dos episódios mais importantes da história de Westeros.
E se quisessem ir bem para trás na linha temporal, talvez fosse bom olhar para o Essos em vez do Westeros. Era lá no outro continente que a verdadeira ação estava acontecendo, com a ascensão e a queda da Velha Ghis e depois da Grande Valíria, as guerras travadas entre os senhores dos dragões e os poderosos Roinares, as confusões com os Ândalos, a rainha Nymeria e seus dez mil navios, a construção de Braavos e seu famoso Banco.
Enfim, como dito, são inúmeros os momentos bons que se poderia escolher, mas a HBO ignorou todos eles, preferindo produzir a sem graça Longa Noite. Porém, obviamente eu poderia me surpreender positivamente. Foi por isso que me animei e, mesmo não sendo o meu ideal, passei a esperar avidamente pelas notícias e pela determinação da data de estreia do seriado. Já sabíamos, inclusive que um elenco de peso tinha se formado, encabeçado por Naomi Watts.
As bombas
Porém, há alguns dias, estourou a primeira bomba. A já tão aguardada produção da HBO foi cancelada, assim, sem mais nem menos. E fique realmente chateada. Me perguntei como a HBO tinha tido a coragem de acabar assim, com as expectativas dos aficionados pelas Crônicas. Ora, A Longa Noite era melhor do que nada!
Só que as coisas não tinham parado por aí. Enquanto a ficha do cancelamento ainda estava caindo, ainda no mesmo dia do fatídico anúncio, outra bomba de proporção igual estourou. Um novo seriado, baseado na mais recente obra de George Martin, Fogo & Sangue, seria produzido, e não somente o episódio piloto já estava encomendado, como toda uma primeira temporada de 10 episódios também. Senhoras e senhores, House of The Dragon vem aí.
Repercussões
“Ontem à noite, em Hollywood, na WarnerMedia Day, a HBO tornou oficial” – escreveu George Martin em seu Not a Blog, no último dia 30 de outubro. – “Temos sinal verde para um show sucessor de Game of Thrones. Não apenas um piloto, mas uma ordem de temporada completa para dez episódios. House of The Dragon é o título do novo show, e é desnecessário dizer que ele será centrado na Casa Targaryen, ambientado alguns séculos antes dos eventos de Uma Canção de Gelo & Fogo e baseado na história imaginária de Arquimeistre Gyldayn, Fogo & Sangue.”
Era como um sonho sendo realizado! Os deuses antigos e os novos haviam escutado minhas preces! Porque Fogo e Sangue tem início justamente no momento que eu mais queria ver representado nas telas: A Conquista de Aegon. Não é preciso nem dizer o quanto fique satisfeita com a anúncio.
Continuem comigo, no entanto. Não chegamos ao final. Ainda falta mencionar outra parte desse post de George Martin. É que ele disse que queria dar uma dica para os fãs que quisessem se preparam melhor para House of The Dragon.
“Se você quiser saber um pouco mais sobre o que o programa será… bem, eu posso na verdade, derramar esses feijões, mas convém pegar uma cópia de duas antologias que fiz com Gardner Dozois, Mulheres Perigosas e O Príncipe de Westeros e Outras Histórias, e depois seguir para a história de Arquimesitre Gyldayn, Fogo & Sangue.”
O que ele quis dizer com isso? Fácil. Nas obras mencionadas, Mulheres Perigosas e O Príncipe de Westeros, estão fragmentos de um momento da história de Westeros conhecido como A Dança dos Dragões, que foi uma espécie de guerra civil entre os Targaryen, quando a família se dividiu em duas facções, os pretos e os verdes.
Assim como A Conquista de Aegon, A Dança dos Dragões faz parte de Fogo & Sangue. Também não é meu momento favorito da história, mas pelo menos dará muito mais caldo do que a pobre Longa Noite. Como Martin fez questão de dar essa dica, só podemos esperar que House of The Dragon estará centrado na Dança. Acho que vou ter que esperar mais tempo pela Conquista…
Não obstante, estou super na torcida para que, dessa vez, dê tudo certo. Martin parece bem animado com a equipe que a HBO montou e disse que talvez escreva alguns episódios.
Mas o autor já alertou que não assumirá nenhum script antes de terminar o livro mais aguardado da história, Ventos de Inverno, o sexto livro das Crônicas de Gelo & Fogo e sequência de Game of Thrones. Oremos então, que os leitores dos livros tenham um final mais agradável do que os que o fãs do seriado tiveram. E aguardemos House of The Dragon e sua Dança.