Em um cenário em que séries de fantasia competem para ver qual consegue queimar mais dinheiro que um dragão Targaryen, eis que surge uma proposta refrescante no universo de Game of Thrones. O Cavaleiro dos Sete Reinos, nova série da HBO Max baseada nas novelas Dunk & Egg de George R.R. Martin, promete voltar às origens com uma produção mais modesta e íntima.
A dança dos milhões está chegando ao fim
Enquanto Game of Thrones teve início com um orçamento de US$ 6 milhões por episódio e terminou gastando US$ 15 milhões, sua sucessora A Casa do Dragão (House of the Dragon) já começou no patamar de US$ 20 milhões por episódio. Para contextualizar, isso é mais do que custava uma temporada inteira das primeiras séries de TV premium dos anos 2000.
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Mas nem todo herói precisa de um dragão para voar.
O Cavaleiro dos Sete Reinos se passa em uma época em que os dragões são apenas lendas nos livros de história de Westeros. Nossos protagonistas são Dunk, um cavaleiro andante, e seu escudeiro Egg. Nada de batalhas épicas com milhares de figurantes ou efeitos especiais dignos de blockbusters – a primeira temporada se concentra em um torneio em Ashford, na Campina.
Como diria o próprio George R.R. Martin em sua visita ao set: “90% da história se passa em um campo, rodeado de tendas”. É como se trocássemos uma superprodução da Broadway por um teatro intimista – às vezes, a mágica está mais na história do que nos efeitos especiais.
O retorno à essência
Esta abordagem mais contida pode ser exatamente o que o gênero fantasia precisa atualmente. Num momento em que séries como Secret Invasion gastam US$ 35 milhões por episódio (para resultados questionáveis), talvez seja hora de lembrar que Game of Thrones não conquistou seu público pelos dragões, mas por suas histórias humanas e personagens complexos.
A decisão de produzir uma série mais modesta não parece ser apenas uma questão de economia, mas uma escolha narrativa inteligente. Afinal, esta é uma história contada da perspectiva do povo comum de Westeros – os “smallfolk”, como são chamados nos livros. É uma oportunidade de explorar o rico universo de Martin por um ângulo completamente novo.
O Cavaleiro dos Sete Reinos (e a HBO Max sabe disso) pode representar uma mudança importante na forma como as séries de fantasia são produzidas. Em vez de começar com explosões e terminar sem fôlego (como aconteceu com a segunda temporada de House of the Dragon), a série parece apostar em um crescimento orgânico.
Prevista para estrear em 2025, esta nova produção pode provar que, às vezes, menos é mais – mesmo nos Sete Reinos. Afinal, não precisamos de um dragão para contar uma história épica, às vezes basta um bom cavaleiro e seu fiel escudeiro.
Como diria nosso amigo Tyrion Lannister: “Uma mente precisa de livros assim como uma espada precisa de uma pedra de amolar.” Talvez seja hora de afiar nossas expectativas para uma narrativa mais afiada e menos espetaculosa.
* Essa matéria foi baseada na matéria do Winter is Coming.com