Se você achou Sauron assustador em O Senhor dos Anéis, prepare-se para conhecer seu mestre. Imagine Palpatine treinando Darth Vader, mas em uma escala cósmica e divina. Assim era a relação entre Morgoth e Sauron, com uma diferença crucial: Morgoth não era apenas mais um vilão – ele era literalmente a origem do mal em toda a Terra-média. E se você está pensando “mas o que poderia ser mais aterrorizante que um olho gigante de fogo?”, bem, continue lendo.
O anjo caído da terra-média
Antes de ser conhecido como Morgoth, ele era Melkor – o mais poderoso dos Ainur, seres divinos criados por Eru Ilúvatar (basicamente, o “Deus” do universo de Tolkien). Para contextualizar, imagine os Ainur como uma espécie de panteão divino, algo entre os deuses do Olimpo e os arcanjos bíblicos. E Melkor? Ele era o equivalente tolkieniano de Lúcifer – o mais brilhante, o mais poderoso e, inevitavelmente, o mais orgulhoso.
Mas o que torna Melkor verdadeiramente fascinante é que ele não começou como um ser maligno. Diferente de vilões unidimensionais que parecem nascer malvados, Melkor era dotado de uma criatividade e poder extraordinários. Imagine alguém com o gênio criativo de um Leonardo da Vinci combinado com os poderes de um Dr. Manhattan de Watchmen. Ele tinha o potencial de ser o maior entre todos os Ainur, mas sua ambição o consumiu de uma forma que faria o Michael Corleone de O Poderoso Chefão parecer modesto em suas aspirações.
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The Voice Divino: A grande sinfonia do caos
Mas aqui vem a parte mais fascinante: o universo de Tolkien foi literalmente criado através de uma música. Sim, você leu certo. Imagine uma orquestra divina onde cada Ainur contribuía com sua própria melodia para criar o mundo – tipo um Fantasia da Disney em escala cósmica. Mas Melkor, não satisfeito em ser apenas mais um músico na orquestra, decidiu improvisar seu próprio solo.
Pense nisso como se fosse um concerto divino em que cada músico está tocando sua parte em perfeita harmonia, criando galáxias e mundos com cada nota. Então, de repente, Melkor decide fazer seu próprio jazz experimental no meio de uma sinfonia clássica. Essa “discordância” na Grande Música não foi apenas uma nota fora do tom – foi o equivalente musical a jogar um vírus no código-fonte do universo.
É como se Melkor fosse um hacker cósmico tentando reescrever o programa da realidade. Cada vez que os outros Ainur criavam algo belo e harmonioso, ele introduzia um elemento de caos e destruição. Montanhas surgiam onde deveria haver planícies, fogo brotava onde deveria haver água. Era o equivalente divino de alguém entrando no set de O Senhor dos Anéis e começando a reescrever o roteiro no meio das filmagens.
De Melkor a Morgoth: A queda do titã
E a transformação de Melkor em Morgoth é digna dos melhores dramas de Martin Scorsese. Movido por inveja e orgulho (características que mais tarde seriam herdadas por seu pupilo Sauron), ele começou uma campanha de destruição que faria os vilões da Marvel parecerem amadores.
Seu momento mais infame? A destruição das Duas Árvores de Valinor – imagine alguém apagando o Sol e a Lua, e você terá uma ideia do impacto desse ato. Mas não foi apenas um ato de destruição aleatória. Foi calculado, premeditado, como o plano mais elaborado de um filme de assalto. As Árvores eram mais que simples fontes de luz – eram símbolos da ordem e da beleza do mundo criado. Destruí-las foi como deletar o arquivo-fonte da própria luz.
Esta transformação foi tão profunda que até seu nome mudou. De Melkor (que significa “Aquele que se ergue em poder”) para Morgoth (“O Negro Inimigo do Mundo”) – é como se Michael Corleone não apenas se transformasse no Don, mas se tornasse a própria personificação do crime organizado.
A criação dos Orcs também não fica muito atrás de seus atos mais hediondos. Esse foi um momento de corrupção inigualável, equivalendo à profanação da beleza e da pureza criada por Eru Ilúvatar.
O professor do mal
Então, se Morgoth fosse um professor universitário, Sauron seria seu aluno mais aplicado. Tudo o que vemos Sauron fazer em O Senhor dos Anéis – a manipulação, a corrupção, o desejo por dominação – foi aprendido com Morgoth. É como se Morgoth tivesse escrito o manual “Como Ser um Senhor do Escuro em 10 Passos”, e Sauron tivesse decorado cada página.
A relação entre eles era como um dark mentoring taken to the extreme. Pense em todos os grandes duos mestre-aprendiz do cinema: Vader e Palpatine, Hannibal Lecter e Clarice Starling, mas invertidos e elevados à máxima potência do mal. Morgoth não apenas ensinou Sauron as artes das trevas – ele o transformou de um Ainur com potencial para o bem em seu mais dedicado tenente.
O mais interessante é que Sauron, inicialmente conhecido como Mairon (“O Admirável”), era um espírito da ordem e da perfeição. Morgoth o corrompeu não através da força bruta, mas apelando para seu desejo de criar ordem – mesmo que essa “ordem” significasse a dominação total. É como se Morgoth fosse um produtor de Hollywood veterano mostrando a um jovem diretor idealista como “realmente” fazer as coisas acontecerem na indústria.
A queda do primeiro Senhor do Escuro
Mas, o que aconteceu com o primeiro Senhor do Escura? O final de Morgoth é tão épico quanto sua origem. Após uma guerra que faria a Batalha do Abismo de Helm parecer uma briga de playground, ele foi capturado e jogado no Vazio – um conceito tão assustador quanto parece. Imagine um lugar além do tempo e do espaço, uma prisão cósmica de onde nem mesmo um ser divino pode escapar.
Esta guerra, conhecida como Guerra da Ira, foi o equivalente tolkieniano do Dia D combinado com Vingadores: Ultimato. Exércitos de Valar, Maiar, Elfos e Homens unidos contra as forças de Morgoth. Foi uma batalha tão intensa que literalmente quebrou o continente onde aconteceu. Para contextualizar: se as batalhas que vemos em O Senhor dos Anéis são como conflitos locais, a Guerra da Ira foi uma guerra mundial com armas de destruição em massa divinas.
Por que isso importa?
Para os fãs de O Senhor dos Anéis e Os Anéis de Poder, entender Morgoth é como descobrir que existe uma temporada zero da sua série favorita. Sua influência ecoa em cada conflito, cada batalha e cada escolha moral nas obras de Tolkien. Ele é o “paciente zero” do mal na Terra-média, o arquiteto original da discórdia que continuamos vendo através de Sauron.
Mas vai além disso. Morgoth é a chave para entender por que a Terra-média é como é. Aquelas montanhas intimidantes? Provavelmente resultado de uma de suas “reformas paisagísticas”. O frio do norte? Um “presente” seu. As criaturas mais terríveis como dragões e balrogs? Suas “experiências científicas”. É como descobrir que o cenário inteiro de sua série favorita foi moldado por um único antagonista megalomaníaco.
Em Os Anéis de Poder, vemos constantemente as consequências de suas ações, mesmo séculos após sua derrota. É como assistir a uma série sobre a reconstrução após uma guerra mundial, em que as cicatrizes do conflito ainda moldam cada aspecto da sociedade.
Morgoth pode estar preso no Vazio, mas seu legado continua vivo através de Sauron e da corrupção que ele semeou no mundo. Ele é a prova de que, mesmo no elaborado universo de Tolkien, as melhores histórias começam com uma escolha simples: a decisão entre servir ao bem maior ou ao próprio ego.
Se Sauron é a sombra que paira sobre O Senhor dos Anéis, Morgoth é a escuridão primordial de onde essa sombra surgiu. E agora, com Os Anéis de Poder explorando mais dessa história, nunca foi tão importante entender esse personagem fundamental que faz todos os outros vilões parecerem meros aprendizes no jogo do poder.
Pensar em Morgoth nos ajuda a entender melhor não apenas o universo de Tolkien, mas também por que suas histórias continuam ressoando com o público moderno. Afinal, em um mundo onde frequentemente debatemos sobre poder, corrupção e escolhas morais, a história do mais poderoso ser que escolheu o caminho do mal por orgulho e ambição continua assustadoramente relevante.