Capturar as complexidades do poder e das relações sociais por meio de uma sátira afiada é uma das principais forças de O Clube das Mulheres de Negócios. Dirigido por Anna Muylaert, o filme nos transporta a um universo de intrigas e disputas de poder, onde o protagonismo feminino desafia as estruturas sociais e políticas dominadas por um sistema tradicionalmente masculino.
A trama segue Jongo (Luis Miranda) e Candinho (Rafael Vitti), dois homens que se infiltram em um clube de campo decadente em São Paulo, dominado por mulheres envolvidas em disputas jurídicas. Por meio desse cenário, Muylaert constrói uma crítica perspicaz e cômica sobre as desigualdades sociais e o papel das mulheres em uma sociedade que ainda engatinha para alcançar a verdadeira equidade.
‘Sofia Foi’ conta a história de uma jovem tatuadora enfrentando uma crise pessoal após ser despejada. Premiado no Festival de Marseille 2023.
Com um tom de humor ácido, a diretora faz uma crítica social e política ao expor as contradições das elites brasileiras. A força da obra está na maneira como ela combina a leveza da comédia com uma análise mais profunda sobre a moralidade, o poder e a hipocrisia da classe alta. No entanto, a multiplicidade de personagens e temas pode tornar a narrativa um pouco dispersa, enfraquecendo a carga emocional de algumas cenas.
Muito do impacto da obra se deve à performance do elenco, que conta com Cristina Pereira, Louise Cardoso, Irene Ravache, e Maria Bopp. A dinâmica entre os personagens, especialmente entre Jongo e as mulheres do clube, provoca momentos de reflexão sobre poder e submissão, bem como de comédia, o que mantêm o espectador intrigado e reflexivo. No entanto, a falta de maior aprofundamento psicológico de alguns personagens pode fazer com que a narrativa perca intensidade em determinados pontos.
O visual do filme destaca a opulência decadente do clube e sua atmosfera surreal, explorando contrastes entre luxo e desordem. A direção de arte e a trilha sonora reforçam esse ambiente desconcertante, criando uma atmosfera única que complementa o tom crítico e provocador do filme.
O Clube das Mulheres de Negócios, chega com a proposta de agitar discussões sobre o poder, as desigualdades e as dinâmicas de gênero. Embora sua abordagem possa ser mais incisiva em certos momentos, o filme se firma como uma obra relevante na filmografia de Anna Muylaert, com uma proposta audaciosa e uma visão crítica da sociedade brasileira.