Quando Alto Mar fez sua estreia na televisão, veio com uma proposta de trama leve e divertida, temperada com mistério e romance. Prometeu ser mais um integrante da onda de excelentes seriados espanhóis do catálogo da Netflix, como o incrível La Casa de Papel, o excelente Vis a Vis e o ótimo As Telefonistas. Tanto é assim que a primeira temporada cumpriu bem esse papel, tornando-se uma ótima opção para os viciados em séries de plantão.
Ficou claro desde o início que Alto Mar é uma produção de baixo orçamento – fato que, por si só, não constitui nenhum problema, ainda mais quando o elenco contava com uma atriz de renome internacional: a excelente Ivana Baquero (O Labirinto do Fauno, As Crônicas de Shannara), que carregou o seriado nas costas o tempo inteiro.
Entretanto, não obstante o satisfatório resultado com a temporada inaugural, os criadores Ramón Campos e Gema R. Neira parecem ter simplesmente perdido a mão, transformando sua obra num kitsch de marca maior, exagerando no sentimentalismo e no melodrama e perdendo qualquer nexo com o aceitável. Completamente despropositado.
Para começar, o foco da narrativa da segunda temporada gira em torno de um fantasma que Casandra (Claudia Traisac) insiste que está assombrando o Bárbara de Braganza – navio em que se passa a história -, num roteiro tão malfeito que dá pena.
Personagens surgem do nada e sem qualquer contexto, como se sempre tivessem estado ali. Outros, mais importantes e definitivamente parte do elenco, somem em momentos cruciais sem qualquer explicação para depois reaparecerem como num passe de mágica. O drama impera numa série de tentativas de suicídios e de efetivos suicídios no agora famigerado navio. A coisa toda se torna bizarra, tanto que nem Baquero consegue salvar nada.
Sua personagem, Eva, a mais sensata da trama, que merecia ter um final feliz (aliás, merecia não, tinha a obrigação de ter um final feliz, dada a proposta de Alto Mar), tem um desfecho pífio surgido de uma motivação mais ridícula ainda. Sua irmã, Carolina (Alejandra Onieva), ultrapassa o limite do sugestionável e assume a atitude de uma criança teimosa, beirando o patético, assim como o capitão do navio (Eduardo Blanco). E os irmãos Fernando (Eloy Azorín) e Natalia (Natalia Rodríguez) competem no quesito personagem mais insuportável da trama.
Ficou tudo tão estereotipado que só dá vontade de rir, enquanto vemos uma história que começou tão bem, naufragar nas águas da mediocridade em pleno alto mar, sem qualquer bote salva vidas para salvar seus passageiros.
Uma resposta
Perfeito!!!