O anúncio de que a HBO encomendou a produção de House of The Dragon, seriado inteirinho dedicado à Casa Targaryen reacendeu em mim a paixão não só pelas Crônicas de Gelo e Fogo, mas também pela família que mais me fascina na história toda.
Muitos fãs das Crônicas e também da série Game of Thrones relutam em sequer tentar gostar dos Targaryen (os Stark ganham de longe na preferência do público) e o motivo mais forte para isso talvez seja o fato de eles serem incestuosos. Não é uma razão fraca, reconheço, mas existem infinitas outras circunstâncias que fazem esse pequeno grande defeito ser superado para que a Casa dos Dragões assuma a primeira posição no meu ranking.
A primeira delas está lá no começo, quando Valíria ainda era a Grande Valíria. Naquela época, os Targaryen estavam longe de ser os mais poderosos dentre os Senhores dos Dragões, porém a filha donzela do Lorde Aenar, Daenys, teve uma visão na qual anteviu a ruína da Cidade Franca pelo fogo e seu pai, então, fugiu com todos para o Oeste, para uma ilha chamada Pedra do Dragão, no Westeros. E quando a Destruição prevista enfim veio, os Targaryen foram os únicos dos Senhores dos Dragões a sobreviver.
Eis a importância desse acontecimento: de baixo clero em Valíria, os Targaryen passaram à condição de família mais poderosa de todo o Mundo Conhecido, os únicos capazes de domar dragões.
Quase cem anos depois, Aegon, O Conquistador, com a ajuda de suas irmãs, Visenya e Rhaenys, e de seus respectivos dragões, Balerion, Vaghar e Meraxes, subjugaria os Sete Reinos do Westeros sob seu comando, forjaria o Trono de Ferro e iniciaria uma nova era naquele continente belicoso, onde viviam os descendentes dos Ândalos e, em menor escala, dos Primeiros Homens.
A história da Conquista é cheia de nuances importantíssimas que definiram o destino das terras do poente até a história que conhecemos em Game of Thrones. Poucos sabem, por exemplo, que, antes de Aegon, as Terras Fluviais eram dominadas pelos estranhos Homens de Ferro, que por sua vez eram governados pelo brutal Harren, O Negro, o mesmo que mandou construir o gigantesco castelo chamado Harrenhall, à beira do Olhos de Deus.
Quando o Conquistador acabou com ele, voando com Balerion sobre sua imensa fortaleza e queimando-a até não restar mais ninguém, deu o controle daquelas terras para os Tully, que se tornaram, então, os Senhores do Rio.
Outro fato também pouco conhecido, é que Dorne, no extremo sul do Westeros, nunca chegou a fazer parte dos Sete Reinos (o que os tornava, portanto, Seis), permanecendo independente. Pessoas muito importantes morreram tentando conquistar o país e fracassaram. A primeira delas foi a rainha Rhaenys, a mais gentil e bela das irmãs de Aegon, e também uma de suas esposas (já que Aegon também era casado com sua outra irmã, Visenya).
Uma longa guerra entre o Conquistador e os dorneses se seguiu, só parando quando o príncipe Nymor, de Dorne, enviou-lhe uma carta cujo teor nunca foi revelado.
E a partir daí, as coisas só vão ficando mais interessantes enquanto vamos passando de geração em geração de reis Targaryen, suas personalidades e jeito de agir, alguns maus, como Maegor, O Cruel, filho de Aegon, e outros extremamente bondosos, como a Boa Rainha Alysanne; alguns fracos, como Baelor, o Abençoado e o traumatizado Aegon III e outros fortes, como Jaehaerys I; alguns justos, como Viserys I e outros completamente loucos, como Aerys IV, O Rei Louco. O caso é que a história de todos são mais do que interessantes.
É por isso que a Casa dos Dragões me conquistou, não só pela beleza física dos Targaryen (porque eles eram extremamente belos com seus cabelos loiros platinados e os olhos violeta), não só pela capacidade inexplicável de domar dragões, não só por sua rica história de sorte e azar (basta pensar na trajetória de Daenerys, que trouxe os dragões novamente para o mundo somente para sucumbir na loucura), mas talvez por tudo isso junto, o que acaba superando o terrível hábito do incesto que também os caracteriza.
Toda a trama contida na Conquista, passando pela construção da Fortaleza Vermelha, em Porto Real, pelo Conselho de 101 d.C, pela Dança dos Dragões e assim por diante, até terminar no Grande Torneio de Harrenhall e na Rebelião de Robert, faz o conteúdo de Sangue e Fogo – livro no qual House of The Dragon será baseado – ser ainda mais interessante que as próprias Crônicas de Gelo e Fogo.
Não obstante, é claro que dá para entender a preferência do grande público pelos Stark, mas só porque todos tomam como referência o honrado e leal Ned Stark e sua família, destacando-se entre seus membros o adorado Jon Snow que, não se esqueçam, é metade Targaryen!
Os Senhores do Norte, os últimos a se ajoelharem para o Conquistador, na verdade nunca foram conhecidos por sua gentileza, pelo contrário. Descendentes dos Primeiros Homens, os nortenhos eram conhecidos por sua incivilidade, preferindo viver enterrados em neve do que se fazerem presentes como membros dos Sete Reinos.
Mas isso não vem ao caso. Seja como for, a história dos Stark não teve nem um terço do brilho da dos Targaryen… até Rickard, Brandon e Ned Stark entrarem nela. E tudo porque Rhaegar Targaryen e Lyanna Stark fugiram juntos do Grande Torneio de Harrenhal e o Rei Louco Aerys resolveu queimar o Senhor do Norte e seu herdeiro. Essa história, porém, é mais recente, foi mencionada em Game of Thrones e vocês devem conhecer.
A questão é que desde a misteriosa Queda de Valíria, tudo se volta para os Targaryen, a família dos maiores Senhores de Dragão da história do Mundo Conhecido e a primeira da minha lista de preferência. Simpatizo com os lobos, é claro, mas eles não vêm antes dos interessantíssimos Tyrell de Jardim de Cima (Olenna é o máximo e Margaery também) ou dos polêmicos Lannister (Tywin e Tyrion são incríveis), mas também estão bem à frente dos odiosos Bolton, dos detestáveis Clegane ou dos sem graça Arryn e Baratheon.
Que venha House of The Dragon e com ele as grandes estrelas da história toda: os dragões Targaryen!
Respostas de 2
Só quem conhece a fundo como vc para
poder fazer esta análise tão boa!
😉