*Esse texto leva em conta os livros e o seriado das Crônicas de Gelo e Fogo.
*SPOILER ALERT – Se você ainda não assistiu ao seriado inteiro ou ainda está lendo os livros, tome cuidado!
O inverno está chegando (Winter is comming). O lema pressagioso dos Stark de Winterfell não poderia ser mais certo para a família mais adorada das Crônicas de Gelo e Fogo, e não sem motivo. Para que uma frase dessas seja alçada a lema de uma das maiores Casas do Westeros, algo precisa ter acontecido. E realmente aconteceu.
Apesar de os Lobos não serem os meus favoritos, como expliquei em artigo anterior (leia aqui), tenho de admitir que eles têm seu encanto, afinal foram o ponto de partida de toda a história. Mas antes, muito antes de conhecermos Ned e sua carismática família em Game of Thrones, os Stark já estavam lá.
Descendentes dos Primeiros Homens, que chegaram a Westeros atravessando o Braço Partido de Dorne (que à época não era partido ainda), eram primeiramente conhecidos como Reis do Inverno, mais tarde, como Reis do Norte e, finalmente, depois da Conquista, como Senhores do Norte.
Porém, diferente de Ned, Jon, Robb Bran, Sansa e Arya, os Stark anteriores não eram assim tão dignos de receber o primeiro lugar no coração dos throners (os fãs de Game of Thrones) e esse é um dos motivos por que os Targaryen ainda ocupam essa posição no meu.
Tal qual a terra em que vivem, o gelado Norte (o inverno está chegando), os antigos Reis do Inverno também eram duros e quase selvagens, o que não é de se admirar, já que o frio inclemente não pode trazer nenhuma alegria. Mesmo assim, preferiam enterrar sua cabeças em neve do que conviver com os sulistas de costumes mais amenos e quentes.
Além disso, assim como todos os nortenhos, os Stark e outros Reis do Inverno viviam em luta, inclusive entre eles mesmos. No começo dos tempos enfrentaram os Gigantes e os Filhos da Floresta e, muito recentemente, Winterfell foi o que parou o avanço dos Outros e dos Caminhantes Brancos (White Walkers) quando estes passaram pela Muralha, invadindo o continente. Seus castelos não tinham nenhuma beleza e a única cidade verdadeira do Norte é Porto Branco – isso porque a família que a domina, os Manderly, não provém realmente da parte setentrional do Westeros, mas sim da Campina, tendo sido expulsos pelos Gardener que, à época, eram os suseranos máximos da região. Como dito, eram homens duros, pouco afeitos à alegria, quase selvagens.
Mas apesar disso, também dou o braço a torcer em outro aspecto. É que a religião dos Stark é muito mais interessante do que a dos seus vizinhos do Sul. Os Deuses Antigos, a quem eles rezam, trazem consigo uma aura de mistério e misticismo interessantíssima, muito mais que os Sete Deuses e seus septões tediosos. A árvore branca de folhas vermelhas chamada Represeiro, ou Árvore-Coração, que possui um rosto esculpido em seu tronco é assustadora e atraente ao mesmo tempo, tão diferente da estrela de sete pontas dos Sete, que nem é lá grande coisa.
E não é só isso. Existe outro ponto que é quase certo e não se pode negar: tirando os odiosos Bolton do Forte do Pavor, os nortenhos são muito menos corruptíveis do que quaisquer outros. Eu confiaria num Stark muito antes de confiar em qualquer sulista.
Passando por tudo isso é que finalmente chegamos aos Senhores do Norte atuais, aqueles que fizeram com que a maioria dos throners caísse de amores por eles. Assim, conhecemos Ned Stark assassinando um desertor da Patrulha da Noite e, mesmo com essa apresentação tão macabra, imediatamente sentimos uma enorme empatia por ele. Soa meio paradoxal, não é mesmo? E talvez seja. Ned não queria matar, ele tinha que matar porque a Lei assim dizia: uma vez vestido o negro e feito o juramento solene, àquele que deixasse a Patrulha só a morte cabia.
Nesse momento, rodeando Ned estavam três de seus filhos, observando, cheios de admiração e deferência enquanto a enorme espada do pai, Gelo, descia certeira sobre o pescoço do pobre patrulheiro. Ele era, afinal, o Senhor do Norte e devia ser leal ao Trono de Ferro e suas regras, mesmo que não gostasse. E Ned não fez outra coisa na vida que não fosse ser leal a seu Rei, seus vassalos, seus amigos e, principalmente, sua família, quase chegando a ponto de atingir a abnegação (se é que não a atingiu).
“Aquele que dita a sentença deve manejar a espada”, ensina ele, numa de suas frases mais icônicas. Como não amar esse homem?
Tal qual Ned é seu filho bastardo, Jon Snow, e esse pode ser o motivo de tantos throners os terem como favoritos. Quanto Ned e Jon perderam (ou ganharam?) por seu caráter probo e reto. Aquele conquistou um amigo para a vida toda (Robert Baratheon) e construiu uma bela família… e terminou literalmente perdendo a cabeça. Este virou Senhor Comandante da Patrulha da Noite e Rei do Norte durante um período de tempo… e terminou exilado nas Terras Para Lá da Muralha. Mesmo assim, seus fãs lhes são fiéis.
E se uma coisa pode ser dita é que os Stark atuais são mais suaves que seus ancestrais, tanto na maneira de ser, como na aparência. Sua marca são os cabelos castanhos, o rosto comprido e os olhos cinzentos. Ned talvez tenha o maior coração de todas as personagens e, sua irmã, Lyanna, além de bela, era a alegria em pessoa (ou pelo menos é assim que a descrevem, já que a moça já está morta quando As Crônicas de Gelo e Fogo têm início). Mas a mistura com o sangue Tully tornou-os ruivos e bonitos, tirando um pouco de seu aspecto severo… Com exceção de Arya, outra das personagens mais queridas do público.
A filha caçula de Ned e Catelyn não é bonita e carrega a aparência original de seus ancestrais (é parecida com o pai e não com a mãe sulista). Além disso não sonha em se casar e tornar-se Senhora de um castelo como sua irmã, Sansa, mas sim com aventuras, peregrinações e, quem sabe, algumas brigas de espada, coisas que realmente ama e para as quais realmente tem aptidão.
O primogênito, Robb, tinha muito potencial. Chamado de O Jovem Lobo, o rapaz também foi Rei do Norte por um curto período de tempo. Era sagaz, bom estrategista de guerra, lutava muito bem… mas cometeu a “insanidade” de se apaixonar na hora errada e esse foi o começo de seu fim. Uma pena que sua participação nas Crônicas tenha sido tão rápida.
Já Brandon Stark, o Bran, é outra história. Até hoje não consegui decidir se o amo ou se o acho um chato. Seu arco é interessante, triste e bonito ao mesmo tempo, mas imprescindível para o desenvolvimento da trama. A queda que o tornou paraplégico também reacendeu um poder latente dos Lobos: eles são wargs, ou seja, conseguem assumir o controle de outro corpo, notoriamente o de animais. Assim, Bran pode transitar entre seu corpo quebrado e o de outras criaturas. Ele prefere usar a forma de seu lobo gigante, Verão, mas sendo o mais poderoso dos Stark, também tem a capacidade de assumir outro corpo humano, principalmente o do simplório Hodor. Arya também manifesta esse poder de warg, mas em escala bem menor.
Finalmente, temos Sansa, uma figura controversa entre os throners, porém também digna de nota. Muito linda, a filha mais velha do Senhor do Norte começa a história como uma garota extremamente ingênua, ou como sua irmã mais nova, Arya, gosta de dizer, estúpida, com sua mania de romance, galantes cavaleiros, festas, vestidos e castelos. Mas no decorrer dos acontecimentos tem início sua transformação em uma mulher inteligente, esperta, bem menos estúpida do que sua irmã gostaria de admitir. Uma verdadeira rainha.
O caçulinha, Rickon, mal aparece nas Crônicas, sendo somente um bebê no começo e, depois, desaparecendo quando Winterfell é destruída por Theon Greyjoy. Seu destino no seriado é trágico, assassinado por Ramsay Bolton.
Quanto a Jon Snow, ele não é exatamente filho de Ned, mas sim de sua irmã, Lyanna. O moço tem muito dos Stark pelo lado da mãe (principalmente na aparência e no que se refere à honra, lealdade e senso de dever, como já dito), mas também muito dos Targaryen pelo lado do pai, Rhaegar, o que o torna ainda mais interessante! Se as Crônicas seguirem pelo caminho do seriado Game of Thrones, Jon terá sob seu comando tanto um lobo gigante (Fantasma), como um dragão, e se tornaria poderoso tanto no solo como no ar.
Uma vez, Stannis Baratheon lhe ofereceu a senhoria de Winterfell, o que rasgaria seu nome de bastardo (Snow) e o tornaria um legítimo Stark – Jon Stark. Ele recusou é claro, já tendo se tornado um membro da Patrulha da Noite. Mais tarde, o rapaz tampouco quis se tornar Jon Targaryen (levando em conta somente o seriado, já que os livros finais das Crônicas ainda não foram publicados e não sabemos se o arco do personagem será o mesmo), o que, se pararmos para pensar, o torna único: um Stark e Targaryen que é Snow.
Pois é. Motivos para amar os Stark existem de sobra. Se os Lobos não são os seus preferidos, com certeza há que haver algo bem forte. No meu caso, esse “algo” foi uma certa família de dragões…
Uma resposta
São sem sombra de dúvida, os melhores! Starks forever!!!