O ano de 2019 foi excepcional para o cinema, há muito que uma gama de produções tão boas não nos era oferecida num espaço de tempo tão curto, tanto que foi uma tarefa árdua para a equipe de O Cinema É classificar os melhores filmes do ano!
Pode parecer injustiça excluir algumas outras películas dessa classificação, mas finalmente chegamos a um veredito definitivo.
Confira abaixo a nossa lista dos top 5 de 2019!
Parasita (Parasite)
Um dos filmes mais aclamados do ano e vencedor da Palma de Ouro em 2019, Parasita de Bong Joon-ho é uma história universal contemporânea sobre o capitalismo tardio que se passa na Coréia do Sul.
A partir de ideias fundamentalmente cinematográficas como a performance (a cena do filho dirigindo o pai é maravilhosa) e o trabalho com gêneros (o filme flui da comédia para o suspense passando pelo terror com muita fluidez), uma das melhores sacadas do diretor é a utilização do olfato como o apontador de classes.
Como o cinema ainda não chegou nesse estágio de transmitir cheiros, a luta de classes dentro do filme funciona num campo intangível para o público, mas que torna as personagens no longa incapazes de não reagiram e demonstrarem seus preconceitos.
Vingadores: Ultimato (Avengers: Endgame)
Ao contrário do que muitos podem pensar, não é fácil falar de Vingadores: Ultimato, ainda mais depois das polêmicas declarações de Martin Scorsese sobre os filmes da Marvel não poderem ser considerados cinema.
Como explicar então o efeito desse longa naquele final de abril? Como ignorar a euforia, o choro, a emoção que esse filme causou? Vingadores: Ultimato não foi somente uma película isolada, mas o fechamento de uma era, a conclusão de uma história que começou há mais de uma década e conquistou uma legião de fãs mundo afora.
O fato de o filme ter sido a maior bilheteria da história do cinema, arrecadando mais de US$ 2 bilhões, é o de menos. O que mais importa é que os irmãos Russo tinham algo para contar e fizeram isso com maestria. A ultimação da trama, com a batalha final entre os Vingadores – liderados por Tony Stark (Robert Downey Jr.)- , e Thanos (Josh Brolin) , não poderia ter sido mais perfeita e tocou o coração do público como muito poucos fizeram antes.
Há muito que as histórias de super-herói deixaram de ser um simples divertimento raso e passaram a abordar temas relevantes como liderança, amizade, superação e amor, entre outras. Vingadores: Ultimato está aí para provar a verdade disso. Até comédia tem – o que devemos agradecer principalmente a Thor (Chris Hemsworth) e Rocket (voz de Bradley Cooper) -, perfeitamente inserida dentro do contexto de tensão da trama.
Chega a ser irônico até que um filme do próprio Scorsese também esteja na nessa lista! Que ele nos perdoe por discordar, mas Vingadores: Ultimato é um dos melhores filmes do ano e está na nossa top 5.
Coringa (Joker)
Assim que saiu a notícia de um possível filme solo do Coringa pouco tempo após o fiasco que foi Esquadrão Suicida, os fãs do personagem começaram a arrancar os cabelos. Afinal de contas a Warner se encontrava em uma das suas piores crises criativas, sem saber que direção tomar quando se tratava do universo cinematográfico da DC e, por um momento, parecia que eles não sabiam o que estavam fazendo ao aprovarem um projeto assim.
Porém, quando Joaquim Phoenix foi confirmado no papel, a esperança dos fanboys começou a ser renovada, mesmo com a constante comparação com o icônico Heath Ledger. Mas afinal não era um ator qualquer, e sim alguém premiadíssimo e que transborda talento. Então, em 2019, fomos abençoados pela “bíblia” que é Coringa.
Sem sombra de dúvidas, a obra de Todd Phillips merece seu lugar nessa lista, pois sua premissa conseguiu entregar uma história de origem humana, concisa com a realidade e muito bem orquestrada. Mesmo que o universo de Arthur Fleck não vá se chocar diretamente com o DCEU, as referências são aplicadas cirurgicamente, mostrando a verdadeira Gothan City dos quadrinhos, que é imunda, corrupta, e totalmente sem esperanças de um futuro melhor.
O personagem de Phoenix não é superior ao de Ledger e nem inferior. Eles se complementam, cada um entrega muito mais do que o público esperava em seus respectivos universos. Ambos conseguiram levantar reflexões intensas após o fim da sessão. O problema está sempre nas pessoas e em como elas lidam com aqueles que são invisíveis. A sociedade sempre criou e vai continuar a criar monstros.
Não é preciso dissecar todas as referências que o diretor utilizou na montagem de Coringa, afinal todo mundo sabe quais são. O que ninguém sabia, era que um diretor responsável por uma trilogia de comédia pudesse costurar um drama com tanta maestria. O talento estava lá, desde Se Beber Não Case. Foi ali que Todd Phillips mostrou sua competência para criar novos clássicos para o cinema.
Coringa definitivamente se tornou um e tem grandes chances de arrematar alguns prêmios do careca de ouro, e se não vencer, será sempre o vencedor do público.
Bacurau
Com três grandes produções em seu currículo, Kleber Mendonça Filho dirigiu mais um grande filme brasileiro que ficará para a história. Bacurau, lançado em 2019, obteve repercussão mundial, ganhando grandes prêmios e destaque em vários festivais como o Festival de Cannes, da Espanha e da Alemanha.
Infelizmente não conseguiu a visibilidade necessária para entrar na época de premiações, como o Globo de Ouro, SAG e o Oscar.
Bacurau aborda questões importantes como a xenofobia, seu ponto central, e o racismo, que entra em segundo plano. Além disso é um filme inovador que foge totalmente dos clichês e dos padrões do cinema nacional. Por isso consideramos um dos melhores filmes do ano.
O Irlandês (The Irishman)
É seguro dizer que O Irlandês já é uma das obras-primas de Martin Scorsese. O filme, que revisita diversas temáticas da carreira do diretor, conta também com atores que sempre estiveram ao lado dele, como Robert De Niro, Joe Pesci e Harvey Keitel. Além disso, vemos a parceria inédita do diretor com Al Pacino.
O Irlandês é um longa-metragem essencialmente sobre o tempo e o peso adquirido com o seu passar. Frank é Scorsese e Scorsese é Frank. Portanto, ao revisitar tudo que o consagrou, Scorsese, analisa sua carreira como um todo e fala de seus arrependimentos, muda perspectivas e subverte ideias que antes foram interessantes para ele. O filme é um juízo de valor sobre seu legado.
A violência deixa de ser algo espetacularizado na narrativa e passa a ser algo repulsivo – as escolhas profissionais afetam a vida pessoal e afastam da família, o passado vira motivo para reflexão e o presente é duro, solitário e frio.
Portanto, O Irlandês é o filme definitivo da carreira de Scorsese, pois revisita o gênero de máfia que o consagrou sob um novo olhar, um olhar mais moderado e amadurecido. A princípio este é o último filme da carreira do diretor, que não poderia fechá-la de melhor maneira.
