Crítica de filme

Frozen II

Publicado 5 anos atrás

A família é o elo mais importante

Frozen II cativa pela delicadeza dos personagens e convence pela elegância de sua técnica. Revigora trazendo canções novas e a trilha sonora de Christophe Beck ata e desata constantemente o nó no peito. Traz um misto de empolgação e preocupação, assim como toda vez que é anunciada a sequência de uma obra de sucesso. Tardou para que Frozen: Uma Aventura Congelante (2013) apresentasse sua continuação, mas o resultado foi satisfatório e tocante para os fãs. Certamente é uma animação madura e talvez a mais sombria da Disney!

Após os conflitos – também internos – de Elsa (Idina Menzel) e Anna (Kristen Bell) no primeiro longa se resolverem, a rainha de Arendelle percebe que o peso que sustenta sobre os ombros há seis anos não é passageiro. Preocupada com o futuro do reinado (leia-se: do povo) e sentindo lá no fundo que algo não está certo, Elsa resgata em sua memória a conversa com os pais e irmã quando ainda era criança sobre uma estranha e antiga história. Intrigada, segue em direção à floresta, rumo ao desconhecido, buscando resolver pendências da época em que seu avô, Runeard (Jeremy Sisto), era rei e consequentemente salvar Arendelle do trágico destino que a própria “ajudou” a traçar.

Ainda que ofereça inúmeras referências a seu antecessor, Frozen II tem vida própria e funciona como um grande entretenimento, trazendo mais situações cômicas protagonizadas principalmente pelo adorado boneco de neve Olaf (Josh Gad). Além disso, há o cuidado apresentado na decupagem em geral, o que impulsiona satisfatoriamente a história, encantando e amedrontando através do ótimo trabalho de design de produção de Michael Giaimo, que serve como um artifício que esconde o perigo por trás da beleza. Um exemplo disso é o lindo lago que abriga uma grande ameaça e que leva aos túneis escuros de uma caverna; ou ainda a parede espessa de névoa que reveste a floresta encantada.

Os cineastas Jennifer Lee (que também assina o roteiro) e Chris Buck exploram os vastos espaços dos enquadramentos para engradecer a difícil situação em que encontram-se Elsa e Anna, ao passo que suas vestimentas também se alteram com o desenrolar da trama.

A roteirista expande o universo do primeiro longa trazendo uma narrativa que mergulha aqueles que são mais sensíveis em um mar congelante de lágrimas. Os tropeços pelo caminho – como o detalhe sonoro exagerado que gera toda a curiosidade em Elsa – e ligeiras falhas na proposta – não na estrutura – acabam ficando em segundo plano graças à fluidez da montagem de Jeff Draheim. E mesmo que tais falhas ocorram em grande parte do segundo ato, culminando em um terceiro até certo ponto problemático, o roteiro de Frozen II apresenta uma preocupação sincera relacionada ao mundo em que vivemos, como revela Yelena (Martha Plimpton) em dado momento: “Quando a natureza fala, nós escutamos!”.

Mais que isso, a história busca sempre deixar claro que é um excelente convite ao empoderamento feminino e que este se torna cada vez mais importante e relevante, expandindo o que já fora apresentado no primeiro filme. A determinação das irmãs em busca do que desejam é inspiradora e mostra que os laços familiares que cercam ambas ficaram mais fortes, conferindo veracidade aos dramas enfrentados por elas – com Elsa sempre buscando sua identidade –, mas mais ainda pela audaciosa e falante Anna, cujo desfecho a princesa jamais conseguiria prever nem mesmo nos mais belos sonhos.

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País: EUA
Idioma: Inglês

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