Lançado no ano de 2016 e escrito durante uma produção americana do diretor que acabou não acontecendo, Personal Shopper, de Olivier Assayas, é o segundo filme do diretor com Kristen Stewart.
Nele temos Maureen, que trabalha fazendo compras para Kyra, uma modelo reconhecida mundialmente que é incapaz de fazer coisas de pessoas comuns. Maureen está em Paris, cidade onde seu irmão gêmeo morreu, e eles fizeram uma promessa: quem viesse a óbito primeiro tentaria fazer contato do outro lado, já que ambos são médiuns. Entretanto, a personagem de Stewart nunca esteve segura de seu dom e não o explorou a fundo ou se envolveu com o espiritismo como seu irmão havia feito.
A partir dessa premissa o diretor injeta doses de terror que não funcionam só para saídas estilísticas aparentemente fáceis do gênero (trilha sonora pressurizada em momentos de tensão, ambientes escuros, uma casa com espíritos), mas que são integradas essencialmente ao que o filme trata nas suas bases: o intangível como parte fundamental do nosso mundo. Uma espécie de inimigo invisível que, por essa condição, o terror lhe é inerente e não um artifício.
O taoísmo enxerga no nada um pedaço essencial para a existência de tudo. Um copo é uma estrutura que só funciona porque há um buraco no meio que o possibilita ser um recipiente. Em Personal Shopper, o que não se toca é o possibilitador dramático – a troca de SMS com o desconhecido, o aguardado contato com o outro lado, o ectoplasma. O que move narrativamente a obra é a busca e o encontro do incorpóreo num mundo de marcas que agregam valores aos corpos.
Livro dos Espíritos, Capítulo IX: Da intervenção dos Espíritos no Mundo Corporal:
Pergunta 459. Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos?
“Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles que vos dirigem.
Uma resposta
Crítica perfeita!