Crítica de filme

‘Jexi – Um Celular Sem Filtro’ e sem muita graça | Crítica

Publicado 5 anos atrás

Antes do advento da internet e das plataformas de streaming, o lançamento de filmes se restringia basicamente a dois formatos: cinema ou direto em vídeo para as locadoras. Esse último grupo era formado geralmente por filmes sem grande apelo comercial, de baixo orçamento ou de qualidade duvidosa (como exemplo, a maioria das continuações de clássicos da Disney foram lançadas nesse formato). Hoje em dia, com os espaços de cinema mais concorridos e dominados por mega franquias, essas produções acabam jogadas nos catálogos das Netflix da vida sem muito alarde. Dado esse panorama, é curioso ver que um filme tão insosso quanto Jexi – Um Celular Sem Filtro tenha ganhado as salas de cinema.

Escrito e dirigido pela dupla Jon Lucas e Scott Moore (responsáveis pela série de filmes Perfeita É A Mãe), o longa parte de uma premissa interessante e atual: a nossa dependência da tecnologia, especialmente nossos celulares. De coisas banais como ouvir uma música até a forma como educamos nossos filhos – terceirizando a responsabilidade para vídeos de galinha pintadinha ou o clássico jogo da cobrinha -, usamos o celular para tudo, muitas vezes alienados do mundo que nos rodeia. Infelizmente, o filme passa longe de uma discussão aprofundada sobre o assunto, resumindo-se apenas ao comentário visual óbvio de mostrar lugares onde todas as pessoas estão olhando para as telas dos seus celulares, sem interagirem uns com os outros.

Claro que por se tratar de uma comédia não podemos esperar que aborde esse assunto de maneira séria. Ele usa esse problema como ponto de partida para sua história. Nela conhecemos Phil (Adam Devine), um rapaz que tem como única companhia o seu celular, que ao longo dos anos foi seu único escapismo dentro de um lar desfeito. Acompanhamos suas noites regadas a serviços de streaming, delivery e o ocasional post cheio de filtros no Instagram com textos que não poderiam ser mais distantes de sua realidade. Tudo isso muda quando, em um encontro ao acaso típico de comédias românticas, ele conhece Cate (Alexandra Shipp) e seu telefone quebra. Obrigado a trocar de celular, Phil vai descobrir que a nova inteligência artificial instalada no aparelho, Jexi, irá fazer de tudo para que a vida dele melhore. Nem sempre da maneira mais convencional.

Interpretada por Rose Byrne, Jexi é uma versão desbocada da Siri, assistente digital dos celulares da Apple. Embora possua algumas boas piadas e referências, a maior parte das falas da personagem-título espera fazer graça apenas xingando Phil das mais variadas maneiras possíveis. Mas este artifício acaba cansando rápido demais para um filme que não chega nem a uma hora e meia. A virada do seu personagem no último ato, embora gere algumas boas situações, chega tarde demais e sem muita explicação. Falando na duração do longa, é incrível pensar que mesmo com menos de 90 minutos os diretores decidam incluir não uma nem duas nem três, mas quatro, montagens musicais dos personagens dançando ou levando boladas na cara. Até a cena durante os créditos é uma cena que mostra um dos personagens dançando.

Sem se decidir entre ser uma crítica da sociedade moderna ou uma comédia de absurdos, sobra a óbvia trajetória romântica de Phil e Cate, em que se apaixonam, brigam e se resolvem no final. Jexi – Um Celular Sem Filtro é um filme que caberia muito bem nos anos 90, começo dos anos 2000, como uma cópia barata de American Pie. Direto para vídeo.

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jexi poster

84 min min

País: Estados Unidos, Canadá

Elenco: Adam Devine, Alexandra Shipp, Rose Byrne

Idioma: Inglês

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