Como resolver conflitos armados com Wagner Moura?
Sergio é uma coprodução brasileira que registra a vida de Sergio Vieira de Mello, um importante membro brasileiro que atuava na ONU e ajudava nações contra conflitos internos.
Um diplomata brasileiro conhecido no mundo inteiro, ele é escalado para ir ao Iraque tentar consertar os problemas da guerra civil. Enquanto trabalhava na sede da ONU, um bombardeio atinge o prédio, tirando, assim, a vida de uma das principais figuras do Brasil nas Nações Unidas.
Por se tratar de um tributo ao diplomata, o filme cai em alguns problemas a que produções biográficas normalmente não se atentam. Um deles é o ‘endeusamento’ do personagem. Existem vários momentos em que o nome Sérgio é repetido inúmeras vezes, tornando os diálogos nada naturais e cansativos.
Ademais, por se tratar de uma biografia, a produção decide ofuscar as características negativas do personagem – em cenas que mostram algumas atitudes erradas, elas não são vistas como um problema grande, passando-nos a mensagem de que o diplomata é um ser superior. Mas tirando isso, o filme não apresenta nenhum outro defeito em questão de narrativa.
Ao longo da trama, a construção do relacionamento envolvendo Ana de Armas e Wagner Moura é uma das coisas mais admiráveis no filme, além da atuação de ambos. Desde a primeira cena em que essa relação é mostrada, vemos que o amor entre eles é muito genuíno, o que se torna muito importante para o filme, pois Carolina Larriera – interpretada por Ana de Armas – passa a confiança e apoio necessários para as principais decisões de Sergio durante momentos de tensão e dificuldade.
O filme escolhe contar sua história de forma não linear, mostrando o passado através de flashbacks, mecanismo bastante usado. Existem várias cenas cujo único objetivo é mostrar como a vida do personagem principal era muito mais simples do que o presente. Antes, por exemplo, ele brincava com seus filhos na praia, nadava no mar… Já nos dias atuais, o diplomata resolvia problemas extremamente mais sérios e importantes.
A família do protagonista, de certo modo, sofre com seu emprego, que está em constante mudança, já que Sérgio está sempre precisando viajar e se locomover para lugares perigosos. Sem dúvida seus filhos são os que mais sofrem, porque tiveram uma infância difícil e sem a presença do pai e também por ainda não compreenderem a magnitude do trabalho do pai. A maneira em que o longa mostra o que se passa na cabeça deles é bem tosca e superficial.
De certa forma, o longa trata a guerra como um assunto secundário e, quando mostra os desastres, fica com receio de chocar o público. Há sim mortes, sangue e destruição, mas não o suficiente, o que acaba não impactando o suficiente.
Contudo, o filme deixa uma dúvida bastante pertinente hoje em dia: será que essas organizações sempre são benéficas para acabar com os conflitos? Essa pergunta rodeia o filme inteiro, pois há momentos em que as Nações Unidas tem muito poder nas mãos e pode acabar cometendo um equívoco e afetando drasticamente a vida de milhares de pessoas.
Sergio é uma aposta ousada da Netflix que acaba cumprindo com seu propósito principal de apresentar os brasileiros e quem foi Sergio Vieira de Mello.