O lançamento da série Narcos em 2015 pela Netflix reacendeu a curiosidade do grande público acerca da figura de Pablo Escobar, narcotraficante colombiano que se tornou em um dos homens mais ricos do mundo graças ao tráfico de drogas nos Estados Unidos e pelo mundo. Outras séries deram suas versões dos fatos e Hollywood certamente não ficaria de fora. Foi então que, em 2017, é lançado Feito na América, sátira sobre esse momento histórico através de uma história tipicamente americana baseada em fatos reais.
E quem mais americano do que Tom Cruise para protagonizar esse longa? Ele interpreta Barry Seal, piloto da companhia aérea TWA no final dos anos 70, que complementa sua renda fazendo pequenos contrabandos entre voos. Despertando o interesse de um agente da CIA (Domhnall Gleeson), Barry vai então se envolver com os sórdidos negócios do governo americano ao mesmo tempo que inicia uma relação de negócios com o perigoso Cartel de Medellín de Pablo Escobar.
Povoado de imagens de arquivo e notícias da época e filmado de forma semi-documental, Feito na América faz um bom trabalho de situar o espectador na época retratada pelo filme. Em contraste, o diretor Doug Liman (A Identidade Bourne, No Limite do Amanhã) opta por uma abordagem claramente satírica, retratando seu protagonista como um charmoso contrabandista que faz tudo pela família até se perder em meio ao status que ganha dentro do conflito entre o governo americano e os chefes do tráfico de drogas. É aquela velha história do homem comum que consegue sua grande chance de enriquecer, mas tudo isso terá graves consequências.
Mesmo sendo bem flexível com os fatos em que foram baseados (a começar pela própria escolha de Cruise para o papel principal, um homem cujo apelido era “El gordo”) para dar uma maior leveza ao filme, o longa deixa claro sua crítica à hipocrisia americana de lutar abertamente contra situações criadas por eles mesmos por debaixo dos panos, expondo todo o jogo de bastidores que permitiu a entrada de toneladas de drogas dentro do território americano.
Ancorado pelas boas performances do seu elenco principal, Feito na América é uma boa sátira ao sonho americano e o real custo dele na vida de todos. Entretém e ainda deixa um gosto amargo ao seu final.