Crítica de filme

O Destino de uma Nação

Publicado 4 anos atrás

‘O Destino de uma Nação’ mescla a comédia com o drama em uma biografia

Ano a ano vem se popularizando o gênero biográfico. Em 2017 o mundo foi apresentado a O Destino de uma Nação (Darkest Hour), do diretor Joe Wright, um drama cômico que conta a história de Winston Churchill no período da Segunda Guerra mundial, mas diferente dos outros filmes do gênero que levam as biografias para o lado mais dramático, esse longa usa da comédia para desenvolver seu enredo, mesmo errando o tom em alguns momentos.

A história acompanha a vida de Winston Churchill entre os anos 1941 a 1945, período em que foi nomeado primeiro-ministro da Grã-Bretanha. Durante seu governo, Winston tem a missão de governar o país e proteger seu povo contra Hitler em uma das principais batalhas que ocasionaram o enfraquecimento do governo nazista, o confronto de Dunquerque (em Dunkirk, na França). 

parlamento ingles - o destino de uma nação

Normalmente quando assistimos a uma obra biográfica é provável que ela nos deixe mais emocionados com a história da personalidade retratada. Já nesse filme, a abordagem que fazem do protagonista é de outro tom, ao invés de seguir o convencional. O Destino de uma Nação segue o caminho da comédia para contar sua história sem tirar o peso dos acontecimentos históricos, porém às vezes perdendo a mão e errando o momento de ser engraçado, o que acaba transformando um momento de tensão em pura piada, sem se ligar que acabou de estragar a cena (mas isso acontece pouco). Além disso, ao decorrer da trama, o longa acaba repetindo o mesmo artifício em alguns momentos, o que o deixa um pouco cansativo e monótono.

Por outro lado, seria um erro imenso deixar de elogiar a atuação de Gary Oldman (Winston Churchill) que, mesmo carregando muita maquiagem, não deixa de passar todas as expressões do começo ao fim.

A figura aqui retratada é falha, comete erros, tem problemas na família e outros diversos problemas pessoais que, às vezes, filmes biográficos não abordam de maneira real, tornando-o romantizado e irreal. Todo o trabalho de estudo de personagem feito pelo ator é louvável, desde detalhes no modo de andar até o tom da voz escolhido (e também nas características emocionais, é claro).

Além do próprio Gary Oldman, outros atores são bem aproveitados para ajudar em seu desenvolvimento – não há um papel sem sentido ou função dentro da história. A atriz Kristin Scott Thomas, que interpreta a esposa do protagonista, é um bom exemplo de aproveitamento narrativo. A persona dela só tem um propósito para o roteiro: ajudar o Churchill em momentos difíceis e servir de motivação para ele. O alívio cômico fica por conta da atriz Lily James, que trabalha bem os diálogos com o protagonista, passando por momentos constrangedores e inesperados.

churchill fumando - o destino de uma nação

Mas o que realmente surpreende neste longa é o trabalho da maquiagem e a ambientação que leva o espectador para os anos 40 sem muito esforço. Toda a segunda pele artificial que envolve Oldman deixa-o irreconhecível, aumentando seu peso e idade para se parecer com o ministro inglês. Fora isso, a fotografia junto com a direção trabalham lado a lado para deixar essa experiência ainda mais imersiva. Quando somos apresentados a Winston, por exemplo, cria-se uma figura misteriosa e grande, o que ocorre em razão dos enquadramentos adotados pelo diretor e a escolha da fotografia em deixar tudo mais escuro em seu momento de apresentação. 

Entretanto, os poucos efeitos visuais presentes nesse longa são bem medíocres, o que, porém, não representa um grande problema.

Sendo assim, fecho dizendo que O Destino de Uma Nação é um bom filme biográfico que mescla entre os fatos reais e a licença poética dos realizadores para criar sua versão da realidade.

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pôster destino de uma nação
País: Reino Unido
Idioma: Inglês

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