Dizem que uma imagem vale mais do que mil palavras, e às vezes, certas obras do audiovisual nos deixam totalmente mudos diante da torrente de emoções que causam. Esse é o caso de Umbrella, que **em apenas oito minutos e sem diálogos, consegue dizer todo um mundo.
Esse curta de animação 100% brasileiro que abre de maneira tão linda e sensível esse começo de década, já ganhou oito prêmios, foi indicado em mais de 20 festivais e está à beira de concorrer ao Oscar. Ele pode ser definido em apenas uma palavra, empatia, e esse é o sentimento primordial que a diretora Helena Hilário consegue passar com sucesso total nesse momento em que ele é tão necessário.
Umbrella retoma aquele conceito dos primórdios da sétima arte quando, ainda sem tecnologia suficiente e sem poder utilizar o som, a linguagem do cinema era universal. Em razão disso, de Leste a Oeste e de Norte a Sul, todos que tiverem a sorte de assistir a essa pequena animação vão entender a mensagem de Hilário da mesma maneira, sem barreiras de linguagem ou tradução.
A falta de diálogo, no entanto, não interfere em absoluto na fruição do enredo, e ainda é mais do que compensada pela belíssima (e também premiada) trilha sonora, que ajuda a exacerbar ainda mais a já proeminente carga emotiva da história.
E não é pouco admitir que as palavras me faltam quando penso em Joseph e seu cachecol amarelo no lar de crianças, feito todo em animação porque o live-action não daria conta do recado, e meus olhos se enchem de admiração e de orgulho pela qualidade do trabalho técnico dessa equipe de brasileiros que se propôs a entregar esse presente para o mundo.
Desde os olhões expressivos dos personagens e notadamente do protagonista, até a escolha do amarelo, que é a cor do objeto que dá nome ao curta (um guarda-chuva), tudo demonstra o profissionalismo, o cuidado e, o mais importante, o carinho com que a animação foi planejada e feita – carinho este que consegue transcender a tela e nos atingir em cheio.
Ora, às vezes, são necessárias horas para criar um mundo, uma atmosfera, e construir a emoção no coração do público, sendo exemplos grande obras do cinema como … E o Vento Levou, Dr. Jivago e os mais recentes Vingadores: Ultimato e O Irlandês. Esse é o verdadeiro conceito do longa-metragem. Com curtas, as coisas são diferentes. É preciso ser ligeiro, objetivo, ir direto ao ponto e, ainda assim, agradar. É um poder de síntese que Hilário provou dominar.
Sendo assim, não foram necessárias horas para que nos apaixonássemos por Joseph. Não foi necessária nem metade de uma hora para que uma vida e um mundo de amor, compaixão e carinho fossem construídos. Com Umbrella foram necessários apenas oito minutos.
* Umbrella estará disponível no canal do YouTube da Stratostorm a partir do dia 07 de janeiro de 2021.