One Night In Miami: O poder da luta negra
A renomada atriz e agora diretora Regina King fez uma parceria com a Amazon Prime Video para produzir Uma Noite em Miami… (One Night in Miami…, 2020), esse longa histórico que conta a história dos principais ativistas negros dos anos 60. Mas será que mesmo com um elenco recheado de atores poderosos vai render algum prêmio nas próximas premiações? Será que o filme vale ser reverenciado pela academia? Descubra logo abaixo.
O longa acompanha uma noite de confraternização para celebrar a vitória de uma importante luta de boxe de Cassius Marcellus Clay Jr. (cujo nome religioso é Muhammad Ali). Junto com seus amigos: Malcolm X, Jim Brown e Sam Cooke, ele passa a noite inteira em um quarto de hotel discutindo a importância da luta negra nos anos 60 e também é claro, se conhecendo melhor.
Como diretora, Regina King se mostra muito eficiente, construindo um drama complexo com apenas uma locação. Praticamente todo o filme se passa dentro de um quarto de hotel com os quatro personagens, desenvolvendo cada um com apenas o diálogo. Há vários closes no rosto dos atores expondo expondo suas reações após uma discussão ou uma briga. King também consegue criar climas tensos e de fácil explosão dos personagens – principalmente as cenas envolvendo o cantor Sam Cooke, interpretado por Leslie Odom, Jr. – que, a princípio se mostra o mais explosivo e, ao longo do filme, descobrimos que esse não é o adjetivo correto para ser aplicado a ele.
Aliás, como acabei de falar do Leslie, devo mencionar sua atuação incrível. Mesmo sendo a representação de um cantor do mundo real, isso não o deixa preso para demonstrar uma fidelidade sobre a vida, os trejeitos ou até mesmo suas as emoções, mostrando assim que, mais do que fidelidade, o importante também é saber encaixar tudo que o rodeia dentro da narrativa.
Também impressiona a atuação do Kingsley Ben-Adir (Malcolm X) que, além de representar o lado mais extremista da luta negra, também é antagônico em relação a Sam Cooke – que se mostra uma pessoa que não milita do mesmo jeito intenso de Malcolm. Como dito antes, esse contraste é muito bom para o desenvolvimento do arco dramático do quarteto.
Além disso, o roteiro, baseado em uma peça teatral, demonstra que é uma adaptação vinda do teatro, trazendo diálogos bem pontuais e pausados. Isso mostra certa dificuldade por parte do roteirista em adaptar de uma forma mais natural o formato de peça para o formato de roteiro audiovisual. Tal fato não me incomoda, porém é um erro. Tirando esse pequeno deslize, todo o resto envolvendo o tema da luta negra é bem abordado e não deixa faltar nada de relevante, desde a importância das vozes negras da década de 60, até o racismo escancarado por parte dos brancos.
Outro ponto que me faz gostar ainda mais do filme, é trazer quatro personalidades muito conhecidas pela luta negra que pensavam diferente entre si, trazendo diversidade de olhares a discussão além de diferentes reações.
Porém, saindo um pouco do filme em si, vale a pena comentar um pouco sobre a campanha da Amazon com relação a esse filme para a temporada de premiações. A empresa tentará concorrer nas categorias principais (Melhor Filme, Melhor Ator, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Ator Coadjuvante) e também a categoria de melhor canção original com Speak Now (intepretada por Leslie Odom, Jr.), e possivelmente deve conseguir uma indicação em cada uma delas – talvez fique de fora de Ator Coadjuvante. Mas o que importa é ver como a Amazon melhorou sua estratégia em comparação com a temporada passada.
Sendo assim, Uma Noite em Miami… é um filme bem gostoso de assistir para se emocionar e conhecer uma pequena parte desses astros e importantes ícones da luta negra, (além de escutar ótimas músicas ao longo do filme), além de cumprir com sua proposta de apresentar essas personalidades para as novas gerações e homenageá-los.
