Crítica de filme

Crítica | ‘Um Príncipe em Nova York 2’ é um delírio coletivo movido a nostalgia

Publicado 4 anos atrás

O gênero da comédia tem um propósito simples: fazer com que o espectador tenha um momento leve e cheio de alegria. Talvez seja por isso que a maioria dos filmes  desse nicho não seja tão ambicioso, pois não há uma pressão de esforço narrativo para te fazer refletir. Ainda assim, o gênero apresenta versatilidade. A magia do humor está no subjetivo – uma comédia pastelão tem tantas chances de se tornar um clássico quanto uma comédia ácida porque no final das contas, ela atingiu o seu objetivo: impactar o espectador com felicidade. Um Príncipe em Nova York (Coming to America, 1988)conseguiu causar esse impacto, não apenas pelo brilhantismo de Eddie Murphy, mas pela narrativa que possui um enredo único.

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Para começar, colocou os atores pretos em destaque, e acima de tudo os enalteceu. Pessoas pretas eram a realeza, eram pessoas a se admirar e, a partir daí, uma porta se abriu, apesar de a indústria relutar em proporcionar destaque para elas. Pensando nisso, a empolgação da sequência era esperada. Não é difícil acreditar que muitas pessoas amaram Um Príncipe em Nova York 2 (Coming 2 America) O filme tem um advento nostálgico, a oportunidade de ver um elenco maravilhoso e a promessa de uma boa comédia. Contudo, a sequência falha em cumprir seu papel básico.

O enredo se mostra cansativo e sem o charme do seu antecessor. Poucas piadas foram criativas, e mais uma vez vemos a saturação de uma continuação que se baseia no sucesso de seu irmão mais velho. A piada (ou poderíamos chamar de reflexão?) sobre Wakanda foi cortada do filme. E por quê? Em contraponto vemos piadas recicladas demais e, dessa vez fora de contexto – não tem o menor sentido o filho “bastardo” do Akeen replicar o “Naaaaah” de Lisa (Shari Headley). 

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O estilo da comédia é completamente exagerado e nada sutil. O primeiro longa tinha sua parcela de nonsense, mas pelo menos era bem inserido e charmoso. Se o intuito dessa sequência era se apoiar em nostalgia, qual o sentido de acrescentar vários personagens novos para serem deixados de lado? Qual a necessidade de ter mais uma cena na barbearia com os idosos e não destacar a filha mais velha de Akeen? Quando Meeka (KiKi Layne) finalmente teve a oportunidade de brilhar e mostrar porque deveria ser a rainha, a cena não aconteceu. E pior, ela ajudou um irmão sem a menor qualificação para a posição e que mal conhecia a passar no teste para ser coroado em seu lugar.

Ainda, ao invés de explorarem a bela família que Akeen e Lisa constituíram, preferiram focar num filho que ele nem sabia que existia só pela conveniência de trabalhar as tradições ultrapassadas de Zamunda de novo! Sendo assim, depois de Dolemite É O Meu Nome, esperava alguma surpresa positiva do diretor Craig Brewer.

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No final das contas, você não entende porque aquele príncipe corajoso e tão empenhado em mudar seu destino passou a ficar acuado em relação a seu pai, especialmente quando ele tem uma esposa destemida e de personalidade forte como a Lisa, que era exatamente o que ele sempre buscou.

Falando em personalidade, Lavelle (Jermaine Fowler) não tinha nenhuma! Tentaram transformar o rapaz em alguém despreocupado e bon vivant, mas é difícil compreender as reais motivações dele. Ele queria alguma coisa substancial antes ou depois de conhecer o pai? Nunca fica claro. 

Como foi dito anteriormente, a comédia não tem o compromisso de tecer uma trama elaborada, mas ela precisa de uma personalidade para se sustentar. Pode haver sequências e remakes, podem usar a nostalgia para capturar a atenção e afeto do público, mas que tenha um elemento diferenciado.

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O destaque do filme, porém, são os figurinos sensacionais de Ruth E. Carter e o carisma de Wesley Snipes, que se mostra cada vez mais competente na comédia. Seu general Izzi é megalomaníaco e ardiloso e as cenas mais engraçadas tem a presença dele, pode contar com isso!

O restante do elenco está lá para cumprir seu papel de forma padronizada e ser o pano de fundo de uma trama nostálgica. O papel de Leslie Jones como a mãe de Lavelle também não apresenta muita novidade, mas nota-se nos trejeitos da atriz sua enorme satisfação em participar do projeto. Mas venhamos e convenhamos, qualquer coisa encabeçada por Eddie Murphy, é impossível recusar.

Por fim, mesmo que esse não seja um filme inovador e divertido, a experiência é sempre válida. O que realmente importa é que os envolvidos amaram fazer parte. E se te fez rir, melhor ainda!

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País: EUA
Idioma: Inglês

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