Quem já jogou Batalha Naval em algum momento da vida então já pode ter uma boa noção do que é Greyhound – Na Mira do Inimigo, do diretor Aaron Schneider. O filme da Sony que depois foi adquirido pela Apple TV+, mostra Tom Hanks liderando um comboio aliado na época da Segunda Guerra Mundial e, apesar de não ser o melhor filme de seu gênero, vai te deixar tenso o tempo todo.
Baseado no romance homônimo de C.S. Forester, o enredo nos mostra que a tarefa que o inexperiente capitão Krause (Tom Hanks) assume é bastante perigosa, e nós acompanhamos justamente a parte mais delicada dela, que é a travessia das águas geladas do Atlântico Norte nos quilômetros em que não existe proteção aérea para os navios. Dessa forma, o que nos resta é puramente e verdadeiramente uma batalha naval.
Água. Fogo. Afundou. Os comandos do jogo famoso são bem mais simples dos que aqueles que um capitão da Marinha realmente dá a seus subordinados, mas refletem perfeitamente a ideia. E Greyhound é um filme sistemático de 90 minutos de ordens náuticas incompreensíveis para quem não tem um mínimo de conhecimento em navegação ou voo, o que o torna muito realista, apesar de um pouco cansativo nesse aspecto.
Por outro lado, a película é uma fonte rica de informações históricas e da maneira como as batalhas se davam, e é aí que reside todo o seu potencial. Filmado totalmente em tons cinzentos, o longa consegue demonstrar com eficiência não só o clima gelado do ambiente no qual está inserido, como também o clima geral de uma guerra. No entanto, o que mais chama a atenção é realmente o som. O barulho do comboio navegando nas águas e o constante bip bip dos sonares nos lembram a todo momento de onde estamos e contribuem magicamente para construir toda a tensão da história. Além disso, muitos dos personagens importantes do filme, como os navios Dick e Harry, se comunicam exclusivamente por rádio, o que torna a faceta do áudio ainda mais importante. Não é à toa, portanto, que Greyhound está indicado ao Oscar na categoria de Melhor Mixagem de Som.
Ademais e não menos significativo do que isso, questões como a importância da ordem e da disciplina são ressaltadas de forma brilhante pelo diretor, o que, somado à atuação sempre impecável de Tom Hanks, forma um montante de motivos que nos permitem conseguir assistir ao filme até o final, tirando o peso da monotonia do cenário praticamente único e do roteiro repetitivo.
Sendo assim, como dito anteriormente, Greyhound não pode ser considerado o melhor filme de seu gênero, mas posso afirmar com segurança que nunca vi realismo maior em uma película de guerra, sem maiores firulas para torná-lo mais um show do que a retratação de um episódio fiel da Segunda Guerra Mundial.
Respostas de 2
Dunkirk no mar? Interessante.
Hahahaha! Não tinha pensado na analogia!