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O Mundo de Gelo e Fogo | Uma análise: Aenys Targaryen

Publicado 4 anos atrás

Aenys Targaryen talvez seja o rei mais fraco que o Westeros já teve. Ele sucedeu seu pai no Trono de Ferro aos 30 anos de idade, quando Aegon, O Conquistador, morreu de derrame em Pedra do Dragão, em 37 depois da Conquista e, mesmo que tenha sido preparado para ser um governante, deixou claro que nunca esteve à altura da tarefa. Dessa forma, ou Aegon não conseguiu ensinar seu filho, ou Aenys realmente não tinha jeito para a coisa, sendo que a segunda hipótese é a mais provável.

Dessa forma, em meu último texto, no qual escrevi sobre o Conquistador, comentei que seus dois filhos tinham puxado muito mais às mães do que o pai, o que é bem verdade. Aenys tinha uma queda pela vida cultural, gostava muito mais de livros, música e dança do que das armas e das batalhas, ele mesmo sendo um bom cantor. Porém, mesmo que Rhaenys, sua mãe, tivesse sido conhecida como a patrona dos cantores, dos saltimbancos e dos marioneteiros e, mesmo que ela não fosse uma guerreira genuína, não podia ser taxada de covarde e não fugia à guerra. Por isso, a fraqueza do segundo rei do Westeros só podia ser atribuída a ele mesmo.

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Assim, seu reinado foi marcado por muitas tensões e revoltas com as quais ele não soube lidar, mesmo cercado e aconselhado pelos melhores homens que Aegon pôde lhe deixar. Completamente inseguro e indeciso, Aenys não podia chegar a nenhuma decisão e, mesmo quando dava alguma ordem, voltava atrás, com medo de ter feito algo errado, o que só dava mais força a seus inimigos e o enfraquecia cada vez mais aos olhos de seus súditos.

Tendo perdido a mãe aos três anos de idade, quando Rhaenys morreu lutando em Dorne, o príncipe, que já era uma criança enfermiça e de desenvolvimento lento, regrediu ainda mais, só reagindo quando recebeu o dragão Quikcsilver (Mercúrio), mais tarde tornando-se cavaleiro. Na idade adulta, porém, atingiu a altura do pai, mesmo que fosse mais esguiu e mais magro.

Por outro lado, diferente de Aegon, a fertilidade de Aenys não podia ser contestada. Aos 15 anos, ele se casou com Alyssa Velaryon e, ainda que esse arranjo tenha sido político, mostrou-se feliz e frutífero. Juntos os dois tiveram seis filhos, mas toda a felicidade praticamente se esvaiu no momento em que Aenys se sentou no Trono de Ferro. Não eram somente as revoltas que explodiram por quase todo o reino, mas também a inveja e o ressentimento que se instalou dentro de sua própria casa, porque sua tia, Visenya, e seu irmão, Maegor, não nutriam nenhum sentimento bom por ele.

A rainha viúva, como era chamada Visenya, nunca aceitou o fato de o sobrinho ter sido declarado o herdeiro de Aegon, tendo observado desde cedo que ele não possuía os atributos necessários para isso (no que estava certa). Para ela, seu filho Maegor era quem deveria ser rei, e ela fez de tudo para que isso acontecesse.

Não faltou empenho por parte de Aenys para se entender com Maegor, mas todas as sua tentativas foram em vão. Primeiro, ele presenteou o irmão com Blackfire (Fogonegro), a famosa espada de aço valiriano de seu pai. Depois, nomeou-o Mão do Rei. Nada disso, todavia, serviu para reforçar qualquer amizade entre os dois, e Maegor seguiu insatisfeito e raivoso até que, num ato de extrema rebeldia e inveja da virilidade do irmão, que engravidava pela sexta vez a mulher, resolveu tomar uma segunda esposa, alegando que a primeira era incapaz de lhe dar um filho. O rei ordenou que ele desfizesse essa união mal vista em todos os Sete Reinos, mas, tendo Maegor se recusado terminantemente a obedecer, foi mandado para o exílio, numa rara ocasião de atitude de Aenys.

E foi um final de vida triste a que esse rei teve. Seu governo durou muito pouco. Toda Westeros estava contra ele, inclusive a Fé. A instituição religiosa do deus de sete faces nunca tinha visto com bons olhos os costumes incestuodos dos Targaryen e, com a morte do Conquistador, que só era respeitado por sua força, o silêncio quanto a essa questão acabou. Assim, quando os dois filhos mais velhos de Aenys, Aegon e Rhaena, anunciaram seu casamento, a situação ficou ainda pior, e quando os dois foram feitos cativos durante a turnê que faziam em comemoração a sua união, o rei não aguentou.

Aenys morreu em Pedra do Dragão, aos 35 anos de idade, mas aparentando ser um homem de 60. Ele governou por cinco anos e nunca nenhum de seus descendentes ou parentes colocou seu nome em seus filhos.

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