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Artigo | Game of Thrones – 10 anos depois do início

Um legado dificilmente igualável.

Flávia Leão

18/04/2021 •

14:56

Em 17 de abril de 2011 estreava Game of Thrones. O mundo criado por George R. R. Martin tinha potencial, mas ninguém imaginava a proporção que a série da HBO iria tomar. David Benioff e D. B. Weiss levaram uma história a níveis astronômicos até então nunca experimentados, movimentando uma massa global. Legiões de fãs se erguiam alucinados a cada episódio. Assistir a Game of Thrones era mais do que um momento de diversão, era um evento imperdível de inenarrável deleite.

Um rápido retrospecto nos permite dizer que, em se tratando essencialmente de política, a série se encaixou perfeitamente no momento do lançamento, ou seja, no começo da década passada, quando essas questões começavam a despontar com veemência também sem precedentes. Isso, somado ao fato de que estamos falando de Game of Thrones há uma década e continuamos longe de parar, resulta a constatação consequente de que essa é uma daquelas raras obras atemporais.

Sendo assim, hoje é difícil encontrar quem nunca tenha pelo menos ouvido falar de Jon Snow, Daenerys Targaryen e Ned Stark, e é isso o que acontece quando temos uma obra-prima nas mãos, pelo menos quando pensamos na parte literária. Dessa forma, quando tratamos de um roteiro adaptado, a TV e o cinema são de imensa ajuda para expandir o universo das letras, uma vez que no mundo contemporâneo, os leitores diminuem cada vez mais, ao passo que os espectadores se multiplicam. E foi isso o que Benioff e Weiss fizeram, levando a história de Martin para todos os que quisessem ver através de sua série épica.

E mesmo assim, as temporadas derradeiras de Game of Thrones, e especialmente a última, causaram enorme controvérsia, com as críticas variando de mistas a negativas e os próprios atores descrentes do final do legado que tinham ajudado a construir. E o desgosto aumenta ainda mais quando pensamos na probalidade a cada dia mais real de que Martin não vai terminar de escrever suas Crônicas, tendo assim delegado àqueles showrunners a tarefa de finalizar suas páginas com um roteiro que, para muitos, foi no mínimo insatisfatório.

Porém, movidos por essa decepção que gerou até mesmo um abaixo-assinado pela gravação de um novo final para a série, o público acaba se esquecendo daquilo que é mais importante: a jornada empreendida por Game of Thrones, sua ascensão, os motivos que a levaram a se tornar a maior série de todos os tempos. É isso (e somente isso!) que a destaca e é isso que todas as séries posteriores com pretensões maiores buscam igualar, mas que dificilmente conseguirão.

Ora, quando se trata de uma história de popularidade já existente, é difícil ir contra o desejo do público e subverter suas expectativas como Benioff e Weiss fizeram (e é preciso lhes dar algum crédito por isso), já que o material de base do qual dispunham, ou seja, os livros de Martin, se esgotaram na quinta temporada. O peso que os showrunners carregaram durante anos de terem que seguir sozinhos com algo do tamanho de Game of Thrones não deve ter sido brincadeira. A questão que fica, portanto é: será que o final do seriado foi tão ruim assim como pintam os críticos e os fãs mais severos?

Game of Thrones por si só, já é algo único, assim como o é O Senhor do Anéis, mas ter presenciado o que a série fez durante o tempo em que foi produzida, ter acompanhado sua ascensão temporada a temporada, aguardando a cada domingo pelo próximo episódio e ouvir aquele tema de abertura inesquecível, ter visto teorias surgindo, sendo confirmadas ou caindo, ter acompanhado as crianças Stark crescerem nas telas e na vida real, tudo isso não tem preço, pelo menos para os fãs do gênero de fantasia.

Comemoramos dez anos do lançamento da série da HBO quase no momento do começo das gravações de House of The Dragon. Uma nova parte do Mundo de Gelo e Fogo, dessa vez centrada nos Targaryen e sua Dança dos Dragões, será contada e várias outras serão produzidas na HBO. Que venham, então, mais dez anos, porque o que é bom, é para ser mostrado. A vez de Benioff e Weiss passou. Chegou a hora de Ryan Condal e Miguel Sapochnik mostrarem a que vieram. As comparações serão inúmeras, mas o eventual sucesso de House of The Dragon jamais apagará a estrela de Game of Thrones, cujo legado, por mais que possam dizer o contrário, está consolidado. Como já dito, quando a jornada é tão linda como foi a de GOT, o final não importa tanto.

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