Será que um filme com uma só personagem e, mais ainda, com um só cenário pode ser um sucesso? Essa realmente não é uma tarefa fácil. A resposta é sim, mas para que uma obra nessas condições possa ser considerada boa, é preciso que ela possua pelo menos dois elementos muito importantes: um roteiro eficiente e, mais do que tudo, um ator ou atriz excelente, porque afinal, é ele ou ela quem vai sustentar a história do começo ao fim, sem praticamente nenhum apoio. Oxigênio (Oxygène) cumpre essas duas tarefas com louvor.
Dessa forma, o enredo do filme de Alexandre Aja, que também dirigiu o ótimo Predadores Assassinos (2019), se passa inteiramente dentro de uma câmara criogênica onde uma mulher de repente acorda sem nenhuma lembrança de como chegou lá. Ela precisa se lembrar enquanto corre contra o tempo, já que que seu oxigênio está acabando.
Assim, como já referido, era preciso encontrar uma atriz forte para prender a atenção do público durante os 100 minutos de duração da película, portanto não há surpresa alguma quando pensamos que o primeiro nome que cogitaram para o papel de Liz, foi o de Anne Hathaway e, quando ela recusou, a segunda opção tenha sido Noomi Rapace. No entanto, quando Aja assumiu o comando da produção quem finalmente foi escalada foi Mélanie Laurent, consagrada por seu papel como Shosanna em Bastardos Inglórios (Quentin Tarantino, 2009). E mesmo que saibamos que Hathaway e Rapace com certeza teriam feito um ótimo trabalho, é impossível pensar em outra pessoa para o papel principal desse filme que não fosse Laurent.
Dessa forma, a atriz francesa segurou as rédeas de seu filme solo sem qualquer dificuldade, e a corrida contra o tempo da história ficou tão tensa, angustiante e, às vezes, visceral como deveria mesmo ser, tornando-se sem dúvida um dos melhores filmes franceses a que já assisti – cortesia de Aja, diretor cuja preferência de estilo cinematográfico está no terror e no suspense que ele já demonstrou saber fazer muito bem, mesmo que, dessa vez, a ficção científica tenha tomado conta, lembrando inclusive o ótimo Passageiros (Morten Tyldum, 2016).
A corrida contra o tempo em Oxigênio faz revelar não somente o desespero da iminência da morte, mas também o autocontrole que Liz teve que se obrigar a ter para tentar sobreviver, numa atuação magistral de Laurent. O tic tac do relógio é tão angustiante quanto foi incrível o trabalho feito na mixagem de som desse filme, uma delícia de ouvir, uma verdadeira experiência sensorial que é melhor sentir com fones de ouvidos. Dessa forma, o longa de Aja é uma excelente pedida, uma das melhores opções do catálogo da Netflix do ano até o momento. Se ainda não assistiu, o tempo está passando. Tic Tac. Corra!
Respostas de 2
Parece bacana, parabéns pela critica.
Muito obrigada!!