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Galadriel e Sauron | A química desperdiçada

Publicado 4 horas atrás

Se você é como eu, provavelmente já se perguntou por que algumas das melhores histórias são construídas sobre a tensão entre protagonista e antagonista. Imagine Batman sem Coringa, Sherlock Holmes sem Moriarty, ou Harry Potter sem Voldemort. É dessa dança entre luz e sombra que nascem as grandes narrativas. E é exatamente aqui que encontramos o principal problema da segunda temporada de Os Anéis de Poder.

A química que o anel não conseguiu forjar

A segunda temporada da série da Amazon Prime cometeu um pecado que nem mesmo Sauron, em seus momentos mais sombrios, ousaria cometer: desperdiçou a eletrizante química entre Morfydd Clark (Galadriel) e Charlie Vickers (Sauron). É como ter Robert De Niro e Al Pacino em um filme e colocá-los em apenas uma cena juntos – ah, espera, isso já aconteceu em Heat, e mesmo aquela única cena se tornou lendária!

Na primeira temporada, a dinâmica entre Galadriel e Halbrand/Sauron foi tão magnética que criou até um ship name próprio: Haladriel. Era como assistir a um jogo de xadrez em que cada movimento carregava tensão, história e possibilidades. A química entre os atores era tão palpável que você podia praticamente sentir o ar crepitar quando eles dividiam a tela.

Galadriel e Sauron
© Amazon Studios

O encontro que poderia ter sido

A única cena que compartilham na segunda temporada, próxima a Eregion, é uma obra-prima de coreografia e atuação silenciosa. É como aquele momento perfeito em um filme de Tarantino antes de tudo explodir – cada olhar carrega o peso de mil palavras não ditas. Mas é aí que mora a frustração (deles e nossa!): e é só isso que temos.

Imaginem se a série tivesse explorado uma conexão mental entre os dois personagens, similar ao que vimos entre Rey e Kylo Ren em Star Wars (mas sem cair no clichê da cópia). Essa ligação involuntária forçaria ambos a confrontarem suas verdades, mentiras e complexidades. Seria como um jogo de poker em que ninguém pode blefar, mas todos ainda tentam.

Mas a série optou por focar nas manipulações de Sauron com Celebrimbor na forja – cenas que, admitidamente, são excelentes e fundamentais para a história. Porém, existe um equilíbrio que poderia ter sido alcançado. As grandes histórias nos mostram que não precisamos de horas de tela para criar momentos impactantes – às vezes, um olhar diz mais que mil palavras.

A ausência dessa dinâmica entre Galadriel e Sauron acaba diluindo o peso emocional da narrativa. É como assistir a uma ópera sem o dueto principal – todos os outros elementos podem ser magnificentes, mas sente-se a falta daquela peça fundamental.

Galadriel e Sauron
© Amazon MGM Studios

Por isso, o verdadeiro problema de Os Anéis de Poder não está em suas divergências com Tolkien, nem em suas escolhas criativas ousadas. Está no desperdício de uma química rara entre dois atores que poderiam ter elevado a série a novos patamares de dramaticidade e complexidade emocional.

Como diria o próprio Tolkien, “nem tudo o que é ouro reluz” – e às vezes, as maiores oportunidades perdidas são aquelas que estavam bem diante de nossos olhos, como Galadriel e Sauron. A segunda temporada de Os Anéis de Poder brilha em muitos aspectos, mas poderia ter sido uma joia ainda mais preciosa se tivesse aproveitado melhor o tesouro que tinha em mãos: a dinâmica única entre sua protagonista e antagonista.

Para a terceira temporada, só nos resta torcer para que os showrunners percebam que, assim como os próprios anéis do poder, o verdadeiro potencial da série reside nas conexões que ela forja – especialmente entre seus personagens mais magnéticos.

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