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Artigo | O Mundo de Gelo e Fogo – Uma Análise: Aegon, O Conquistador

Publicado 4 anos atrás

Não sabemos muito sobre Aegon, o Conquistador além dos fragmentos de textos escritos por vários homens muitos anos depois de sua existência. Ele se ergue não só como um líder, mas também como um mártir, o homem que uniu os até então beligerantes Sete Reinos sob uma só coroa. Mesmo assim, a partir desses relatos, é possível traçar alguns aspectos de sua aparência, bem como de sua personalidade.

Sendo assim, nas Crônica de Gelo e Fogo temos apenas um vislumbre do homem que viria a se tornar Aegon da Casa Targaryen, Primeiro de Seu Nome, Rei dos Ândalos, dos Roinares e dos Primeiros Homens, Senhor dos Sete Reinos e Protetor do Território, mas já ali ele se torna um dos personagens mais interessantes de toda a história. Os maiores detalhes que podemos encontrar sobre ele estão nas obras O Mundo de Gelo e Fogo (The World of Ice and Fire) e Fogo e Sangue (Fire and Blood), este último escrito pelo arquimeistre Gyldayn da Cidadela de Vilavelha.*

Sendo assim, além do muito tempo que se passou entre a vida do Conquistador e sua transcrição feita através das análises dos escritos esparsos da época, outro detalhe também contribui para que tão pouco saibamos dele: Aegon era um homem discreto, não era afeito a exibições demasiadas e se esforçava ao máximo para manter sua vida privada exatamente desse modo, reservada.

Tendo virado rei de toda Westeros aos 27 anos, o Conquistador já possuía uma boa noção de política e governo, uma vez que era senhor de Pedra do Dragão, a ilha na qual se encontrava a sede ancestral da Casa Targaryen. Desse modo, se eu pudesse misturar ficção e realidade, poderia afirmar que ele leu com atenção a obra O Príncipe, de Maquiavel, antes de subir em seu dragão, Balerion, o Terror Negro, e começar a lutar as guerras que o levariam à forja do Trono de Ferro. E tenho certeza de que o filósofo aprovaria sua atitudes.

Em primeiro lugar, é Interessante pensar que os Targaryen, mesmo já sendo westerosis há quase um século quando da Conquista, ainda eram vistos como estrangeiros nessas terras, uma vez que eram, sob muitos aspectos, diferentes das demais famílias que habitavam aquele continente do Oeste. Tendo sangue valiriano nas veias, eles eram tomados como deuses, e essa imagem era reforçada pela capacidade incomum que possuíam de domar dragões. Entretanto, essa característica especial é envolta em algumas histórias sombrias que envolvem magia negra, morte, sacrifício e incesto que, segundo as más línguas, teriam levado à destruição da poderosa Valíria. E quem entre as supersticiosas Casas do Westeros iria querer receber entre seus pares homens e mulheres tão malditos quanto estes? É um paradoxo clássico de amor e ódio que cobria os Targaryen.

Foi por isso, portanto, que Aegon encontrou alguma dificuldade em sua Conquista, especialmente entre as famílias importantes do continente. Mas a força dos três dragões era forte demais. Casado com as duas irmãs, Visenya e Rhaenys, uma mais velha e a outra mais nova, juntos, os três dominavam os céus com suas feras Balerion, Vhagar e Meraxes e, um a um, os Targaryen foram derrotando seus inimigos. Durante a guerra, várias das Casas que reinavam há eras, foram dizimadas, o que permitiu a Aegon colocar seus próprios apoiadores como senhores supremos. Foi o caso dos Tully, que viraram suseranos mor das Terras Fluviais; dos Tyrell, que receberam a Campina sob seu comando; e das Terras da Tempestade, entregues nas mãos bastardas de Orys Baratheon. Os outros, tendo dobrado o joelho sem maiores objeções, foram confirmados em suas terras e domínios, perdendo somente o título real e passando à senhoria. Das leis e dos costumes, Aegon mudou nada ou muito pouco.

E assim chegamos a outra das poucas características conhecidas do Conquistador, que era implacável com seus inimigos, mas generoso e justo com quem não batia de frente com ele. A batalha de Harrenhal na qual Balerion queimou o mais magnífico dos castelos do Westeros e, com ele, toda a linhagem de Haren, o Negro, e o episódio de Torrhen Stark, o Rei Que Ajoelhou, são exemplos claros disso, respectivamente.

Por outro lado, amigo mesmo, Aegon só tinha um, seu meio-irmão, Orys Baratheon, um nome curioso, aliás, já que no Westeros, todos os bastardos possuíam um nome em comum que lembrasse a terra onde nasceram: Flowers para a Campina, Rivers para as Terras Fluviais, Snow para o Norte, Storm para as Terras da Tempestade e assim por diante. Mas Baratheon só havia Orys, e por ser o único e mais fiel dos amigos, a mão direita de Aegon, foi que ele se tornou o primeiro ocupante do cargo criado pelo Conquistador, tendo sido, portanto, a primeira Mão do Rei. E fora ele, as únicas pessoas com quem Aegon realmente conversava eram suas irmãs e esposas Visenya e Rhaenys, o que nos mostra que ele não era um homem muito sociável, possuindo uma personalidade mais introspectiva.

Mesmo assim, o Conquistador fez um bom reinado, sendo que os últimos sete anos de seu governo, antes que um derrame o matasse em Pedra do Dragão, foram extremamente pacíficos. Mas o que veio mostrou que Aegon governou mais por medo do que por amor, porque haviam aqueles entre os grandes senhores que ainda lembravam dos anos gloriosos quando suas famílias eram soberanas e, com o Dragão morto, viram a oportunidade de tentar reaver seu legado. Mas esse é assunto para outro momento.

Falta agora um último aspecto a ser abordado quanto a esse importante personagem. Levando em conta a expectativa de vida “daqueles tempos”, Aegon poderia ter sido considerado estéril, já que, quando nasceu seu primeiro filho, Aenys, que ele teve com Rhaenys, o Conquistador já tinha 34 anos. E tão diferente dele era o garoto que muitos questionaram sua paternidade, atribuindo o filho de Rhaenys a um de seus amantes cantores ou poetas, os belos homens dos quais a rainha se cercava, mas que não pareciam incomodar seu marido. O outro filho de Aegon, Maegor, que ele teve com Visenya, sua irmã mais velha, é outra história.

E assim sendo, se tomarmos como verdade todas as especulações, o fato é que ambos os garotos, tanto Aenys quando Maegor, eram muito mais parecidos com as mães do que com seu pai, o primeiro sendo um homem delicado e apreciador da arte e da música, enquanto o segundo era um troglodita cujo egocentrismo era alimentado constantemente por Visenya. Enquanto Aenys poderia ter sido sim filho de um dos belos de Rhaenys, Maegor parecia ter sido gerado espontaneamente pela mãe guerreira e implacável. Por isso, mesmo que Aegon não possa ser considerado um pai ausente, ele certamente não foi suficientemente presente para causar grande impressão em seus filhos.

Eis então o Dragão que Conquistou o Westeros. Ele governou por mais de três décadas e deixou sua Coroa para o filho mais velho, Aenys. Seu reinado é até hoje considerado um dos melhores em legado, leis, instituições e melhorias que deixaram, talvez perdendo apenas para o de seu neto, Jaehaerys I.

* Todos os livros citados são de autoria de George RR Martin.

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