Crítica | Sam Mendes faz uma corrida sem cortes até ‘1917’

Protagonistas pouco conhecidos e uma forma de filmar pouco convencional hoje em dia foram as apostas de Sam Mendes para o seu 1917. O diretor apostou alto e deu certo, porque o filme é fascinante.

Tudo em 1917 teve que ser pensado minuciosamente, uma vez que o filme simplesmente não tem cortes – uma técnica utilizada pela primeira vez em Festim Diabólico (1948), do Hitchcock. É como se Mendes tivesse ligado a câmera, gritado “Ação!”, e esquecido de desligar a máquina enquanto George MacKay e Dean-Charles Chapman trabalhavam incansavelmente durante os 119 minutos de duração do longa, em tempo real.

Tal técnica causa uma profunda sensação de imersão e de realidade da história pouco experimentada antes.

O roteiro simples e objetivo tornam o trabalho de Sam Mendes ainda mais notável, uma vez que a película não dá espaço para o tédio, mantendo o público alerta e angustiado o tempo inteiro. Basicamente, a trama consiste na missão dada pelo General Erinmore (Colin Firth) aos cabos Blake (Chapman) e Schofield (MacKey) de entregar uma mensagem a outra divisão do exército cancelando o ataque que fariam sobre as tropas inimigas na manhã seguinte.

Assim, acompanhar os dois soldados nessa difícil tarefa de corrida contra o tempo em mundo onde a tecnologia ainda era bastante rudimentar, é o que os espectadores de 1917 farão, e de bom grado, não só pela história, que é simples, mas muito boa, mas também pela beleza da fotografia – predominantemente em cores cinzentas para confirmar o estado de espírito do exército -, e principalmente pela sensibilidade mostrada em um filme de guerra.

Nomes como o de Colin Firth, Andrew Scott, Benedict Cumberbatch e Richard Madden estão ali somente para aumentar o brilho de uma produção grandiosa por si só, um trabalho excepcional que resultou numa obra que, com certeza, já entrou para a história da sétima arte.