Crítica de filme

A Substância

Publicado 2 meses atrás
Nota do(a) autor(a): 4.0

A Substância é uma experiência cinematográfica surreal e desconcertante, dirigida por Coralie Fargeat. Além de misturar horror corporal, o filme também faz uma crítica à obsessão moderna pela juventude e beleza. No centro da trama está Elizabeth Sparkle (Demi Moore), uma ex-celebridade fitness. Sua carreira desmorona, uma vez que ela é demitida por “estar velha demais” para a televisão. Como resultado, Elizabeth decide experimentar uma droga ultra tecnológica chamada “Substância”. Essa droga lhe permite criar uma versão mais jovem e “melhorada” de si mesma: Sue (Margaret Qualley). Contudo, original e cópia não coexistem; elas vivem alternadamente, uma semana de cada vez.

O maior trunfo do filme, sem dúvida, está nas atuações. Demi Moore entrega uma performance poderosa, explorando a vulnerabilidade de Elizabeth. Por sua vez, Margaret Qualley se destaca ao interpretar a versão idealizada, mas inquietante, de Sue. Assim, a dinâmica entre as duas atrizes mantém o público preso à evolução bizarra da trama, especialmente à medida que o conflito interno de Elizabeth se aprofunda. Isso, portanto, reforça as críticas à superficialidade do mundo das celebridades.

Além disso, a direção de câmera de Fargeat intensifica o desconforto, utilizando closes em partes do corpo que se tornam centrais na narrativa. Os efeitos práticos, por sua vez, são impressionantes, criando cenas grotescas que provocam reações físicas no público. A cada troca de corpos, o horror atinge novos níveis, evidenciando, assim, as consequências do uso imprudente da Substância.

O filme, no entanto, não se limita ao horror. A Substância também é uma sátira contundente sobre a indústria do entretenimento e a pressão social pela perfeição física, especialmente para mulheres que envelhecem sob os holofotes. A busca de Elizabeth pela juventude eterna, portanto, se torna uma metáfora clara para o ciclo destrutivo dos padrões de beleza inatingíveis.

À medida que as regras da Substância são quebradas, o filme abraça um terceiro ato de horror extremo. As mudanças corporais de Elizabeth/Sue se tornam cada vez mais grotescas, mergulhando no body horror. O desenrolar desse conflito interno e externo é desconfortável, mas, ao mesmo tempo, fascinante de assistir.

Embora o filme tenha uma duração excessiva e a bizarrice seja levada ao extremo em alguns momentos, A Substância se destaca como um filme único no gênero de horror. Com atuações fortes, uma direção precisa e um subtexto social relevante, Coralie Fargeat, portanto, entrega uma obra que certamente deixará uma marca indelével em quem a assistir.

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a substancia trailer

A Substância

The Substance
País: França
Direção: Coralie Fargeat
Roteiro: Coralie Fargeat
Idioma: Inglês

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