Crítica de filme

A Verdadeira Dor

Publicado 9 horas atrás
Nota do(a) autor(a): 4

Os primos David (Jesse Eisenberg) e Benji (Kieran Culkin) embarcam em uma tour pela Polônia não só para se conectarem com suas raízes judaicas e o doloroso passado de toda essa comunidade, mas também para honrar a memória de sua amada avó. Nesta viagem, ambos enfrentam uma jornada sentimental e reflexiva que traz à tona traumas e velhas lembranças. Essa é a premissa de A Verdadeira Dor, uma “dramédia” escrita e dirigida pelo próprio Eisenberg e indicada a dois Oscars na edição de 2025. Honestamente? Merecia ainda mais indicações.

É primorosa a maneira como Eisenberg não apenas se dirige em cena, mas também atua ao lado de Culkin, que está praticamente sempre dividindo o quadro com ele. A química entre os dois transborda pela tela, e a ausência de um em relação ao outro, em poucos, mas muito significativos momentos, é bem sentida, principalmente sob a perspectiva de David.

O diretor capta muito bem a presença desses dois personagens e ainda conduz o espectador junto com eles, por meio de uma representação lindíssima da Polônia, acompanhada de um piano inquietante, mas nunca irritante, em sequências que despertam o desejo de estar ali com os dois. As cenas à luz do dia são belíssimas e combinam com a leveza do filme. Mas não se engane: mesmo parecendo um filme “leve” por fora, seus temas são explorados de maneira profunda.

Na prática, A Verdadeira Dor retrata o núcleo central — David e Benji — de formas bem distintas, mas conectadas por uma mesma questão. É evidente que David é um homem bem-sucedido tanto profissional quanto pessoalmente, enquanto Benji está completamente quebrado, por dentro e por fora. Kieran Culkin entrega uma interpretação que, a princípio, pode parecer irritante, pois Benji é um personagem difícil de se relacionar, mas, aos poucos, vamos compreendendo todo o dilema moral que o cerca.

E não apenas isso: o elenco de apoio também é muito bem utilizado. Alguns personagens acompanham a dupla protagonista nessa tour pelo país europeu e, mesmo com pouco tempo em tela, conseguem ser eficientes nas cenas de diálogos mais expositivos, além de serem devidamente aprofundados para fazer sentido dentro da trama. Destaque para Jennifer Grey e Will Sharpe, que interpretam, respectivamente, uma turista com um passado complicado e o guia turístico da viagem.

A Verdadeira Dor se destaca pela dinâmica entre seus protagonistas e pela viagem através da Polônia, oferecendo reflexões sobre família, luto e ancestralidade. É um longa que vale a pena ser conferido — o melhor trabalho de Jesse Eisenberg como diretor até agora, assim como a melhor atuação de Kieran Culkin em sua carreira.

Compartilhar
A Verdadeira Dor Poster

A Verdadeira Dor

A Real Pain
16
País: EUA, Polônia
Direção: Jesse Eisenberg
Roteiro: Jesse Eisenberg
Elenco: Jesse Eisenberg, Keiran Culkin, Will Sharpe
Idioma: Inglês

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *