Uma adaptação das estórias arthurianas, Arthur e Merlin: Os Cavaleiros de Camelot, que explora alguns anos à frente do que geralmente é retratado nas obras mais antigas do Rei Arthur, até tenta usar de alguns artifícios novos, mas infelizmente, não tem força suficiente para prender a atenção do espectador até o fim.
Nessa mais recente versão, Arthur (Richard Short), já mais velho, deixou Camelot nas mãos de seu filho ilegítimo Mordred (Joel Phillimore), que pretende se casar com a rainha Guinevere (Stella Stocke) e tomar o lugar de seu pai. Para que Arthur consiga voltar e combater seu filho, precisa da ajuda de seus soldados e de Merlin (Richard Brake), já que se encontra muito fraco para Mordred sozinho.
Não é segredo que uma vantagem para quem deseja fazer uma obra baseada na estória do Rei Arthur é que não existem fatos comprovados que servem de base para uma origem oficial, uma vez que, como é de conhecimento geral, sua estória é uma lenda, modificada por gerações e gerações base apenas em teorias e alguns dados históricos.
Não custa lembrar que a passagem mais famosa da referida lenda gira em torno de Arthur Pendragon ter sido o único homem a conseguir retirar a espada Excalibur da pedra sagrada, assumindo, assim,o posto de Rei de Camelot, sob a tutela do mago Merlin.
Aqui, no entanto, não vemos essa famosa cena (a não ser em flashbacks jogados de forma aleatória e sem qualquer nexo), nem a coroação e nem os dias de glória do famoso Rei. Quando a estória começa, Arthur já não reina e não está em Camelot, mas vive uma vida cigana. Uma premissa interessante, porém mal aproveitada.
De fato, pode-se dizer que o principal problema de Arthur e Merlin: Os Cavaleiros de Camelot é o roteiro, já que ele não leva a lugar nenhum, indo e voltando nas cenas do ex soberano e seu filho Mordred.
Além disso, são apresentadas justificativas absurdamente banais e mal construídas para as motivações do vilão, fatos são apresentados e deixados de lado. A ambientação é ok, nada que surpreenda ou que incomode muito, e a fotografia segue a paleta de cores frias padrão dos filmes mediáveis.
E como se não bastasse, infelizmente nem o elenco ajuda a deixar o filme um pouco mais leve. As atuações são fracas, forçadas, e os diálogos e expressões utilizados totalmente rasos. Há de se ressalvar, todavia, a atuação de Phillimore (Mordred), que em certos momentos mostra talento, mas que, ainda assim, não sustenta o filme.
Ademais, Merlin é totalmente desperdiçado, ainda mais quando pensamos que o longa se chama Arthur e Merlin: Os Cavaleiros de Camelot e ele só aparece depois de uma hora de filme. Não há qualquer sentido nisso.
Há que se considerar, no entanto, que o roteiro teve uma ideia até que bacana de dar uma outra roupagem para a personagem, retratando um Merlin mais sério que atua muito mais como conselheiro do rei do que como mago. Ainda assim, o carisma que vimos em outras versões foi anulado aqui.
Portanto, é possível dizer que Merlin, que é um dos personagens mais icônicos da lenda do Rei Arthur, perdeu a chance de elevar o filme em triunfo, tornando-se somente mais um personagem qualquer, um total desperdício.
Sendo assim, o único ponto positivo de Arthur e Merlin é a boa ambientação de um filme medieval, que realmente respeita alguns pontos característicos do gênero, como o figurino, mas até nisso, a obra de vez em quando peca – a própria caracterização de Richard Short deixa a desejar, mostrando certa negligência e falta cuidado por parte da produção.
Arthur e Merlin: Os Cavaleiros de Camelot, basicamente, é uma boa ideia que sequer foi bem transferida para o papel. Mal-executado, o roteiro falha miseravelmente em reproduzir algo coeso, bem feito ou concreto.